Agradeço ao tempo.
Pelos caminhos cordialmente trazidos aos meus pés,
Talvez, seja enganoso pensar em suavidade:
Foi tua boca que me disse sussurrante que eras leve e inelutável.
Peço que seja curto em lonjuras,
Extenso em paragens,
Amável com os que tem estradas dentro de si.
Peço ao tempo que me seja sábio, que se consuma
Unido a mim, colado a minha pele e que
Ao final carregue consigo memórias dos dias
Em que estive em sua presença.
Cais: Manifesto Sobre as Horas
Tantos homens e mulheres
Há nesses dias portos sem fim.
Chegam abruptos e vão-se com
Melancolia facultada em devir.
Nos meses há espelhos narcísicos,
Levianamente passadiços.
Sempre ausentes de encantos tais.
Nos anos rostos (in)timidados
Repletos de temores assegurados
Em seguradora.
Estão salvos.
Condenados ao tempo diluído,
Diluível em idiossincrasias insolúveis.
Calam-se na memória que nos açoita:
De ressentimentos e ressacas.
Nessas horas pressentimentos de cotidianos
Desabitados de lemes.
Nem faca sem gumes, nem histórias sem
Fim.
Há nesses dias portos sem fim.
Chegam abruptos e vão-se com
Melancolia facultada em devir.
Nos meses há espelhos narcísicos,
Levianamente passadiços.
Sempre ausentes de encantos tais.
Nos anos rostos (in)timidados
Repletos de temores assegurados
Em seguradora.
Estão salvos.
Condenados ao tempo diluído,
Diluível em idiossincrasias insolúveis.
Para aquele que me encontrou no samba
Observa os dias com calma,
A hora é descrente e os dias são enfadonhos.
Não há que desassossegar com isso.
Sempre o tempo,
Sempre tua mão sobre minhas peles,
Meus gostos, meus planos.
Há que se alimentar os gatos,
Que dar banhos neles,
Que dizer que são nossos e cuidar
Para que crescem felizes e saudáveis.
Sê veleiro de minhas entranhas,
Que sou água.
Que sou tua.
A hora é descrente e os dias são enfadonhos.
Não há que desassossegar com isso.
Sempre o tempo,
Sempre tua mão sobre minhas peles,
Meus gostos, meus planos.
Há que se alimentar os gatos,
Que dar banhos neles,
Que dizer que são nossos e cuidar
Para que crescem felizes e saudáveis.
Sê veleiro de minhas entranhas,
Que sou água.
Que sou tua.
Dos passos e quedas
Somos todos sinuosos.
Nas costas os dias em que
Não podemos ser gente
Pesam.
Há nesses caminhos uma solidão
Consentida.
Consentimos, carregando as bagagens.
Nas costas os dias em que
Não podemos ser gente
Pesam.
Há nesses caminhos uma solidão
Consentida.
Consentimos, carregando as bagagens.
Dos dias em que o amor se extende.
Calo-me, pois há no mundo essa cor que me engole por dentro.
De você quero tudo. E posso não ter nada se assim quiseres.
Dou-te minha mão, meus pés e todo amor que eu tiver,
Sempre novo. Sempre teu.
Espero-te toda volta.
Não quero te ver partir, mas vejo.
Já que é assim que nossos pés se desenham.
Desenha-me?
Há noites que te tateio no escuro.
Há manhãs que quase sufoco.
Há dias que espero pela batida no portão
Cada segundo. Mesmo que eu saiba, eu espero.
Tudo faz sentido contigo.
De você quero tudo. E posso não ter nada se assim quiseres.
Dou-te minha mão, meus pés e todo amor que eu tiver,
Sempre novo. Sempre teu.
Espero-te toda volta.
Não quero te ver partir, mas vejo.
Já que é assim que nossos pés se desenham.
Desenha-me?
Há noites que te tateio no escuro.
Há manhãs que quase sufoco.
Há dias que espero pela batida no portão
Cada segundo. Mesmo que eu saiba, eu espero.
Tudo faz sentido contigo.
Bote de templos. Não
Ouço as vozes que interpelam:
Ludicamente. Você me transporta.
Inverossímel na passagem que trago.
Solucionada de muralhas e
Seguranças vãs. É um novo lugar de compartir.
Intrusa. Intrometida de minhas
Ancoras, portas e janelas.
Noutras paragens, são redescobertas minhas trilhas.
09/09/2011
Ouço as vozes que interpelam:
Ludicamente. Você me transporta.
Inverossímel na passagem que trago.
Solucionada de muralhas e
Seguranças vãs. É um novo lugar de compartir.
Intrusa. Intrometida de minhas
Ancoras, portas e janelas.
Noutras paragens, são redescobertas minhas trilhas.
09/09/2011
Terra Arrasada
Tem dias que eu acordo e me vem aquela música na cabeça. Eu ouvi com o Chico, não sei quem escreveu, começa assim: "Tem dias que a gente se sente como quem partiu ou morreu. A gente estancou de repente ou foi o mundo então que cresceu." E daí está feito. É esse sentimento de mundo, de carregar a dor do mundo. Há quem diga que é simples dizer isso, sentada na minha casa confortável, no meu notebook e alimentada. Podem dizer, não nego a minha condição de classe, nem pretendo, calma não pretendo negar no sentido de que sim minha família hoje é classe média. Não do lado do meu pai, que no entendimento médio, não tem onde cair morto. Tem sua riqueza e sua crueldade viver ainda num lugar que não tem internet, em que se depende da "vontade da natureza" para que as coisas nasçam, que se coma no café da manhã, quando não tem pão, café com farinha, farinha de milho, porque sustenta, que ainda se vá de cavalo levar gado para outros lugares, enfim uma mistura de séc. passado com uma modernidade capciosa, malvada, cruel (por escolha!) que expulsa os jovens do lugar sem se darem conta de quem são e os jogam na avalanche das cidades. A televisão lhes vendeu com muito sucesso o mito to trabalho honesto para enriquecer. E se vão em avalanches... Talvez imaginando "A gente quer ter voz ativa e do nosso destino cuidar..." esquecendo-se do "mais eis que chega roda viva e leva o destino pra lá."
Sem melindros, não estou reclamando, só constatando. Sou do grupo dos que tem mais sensibilidade do que é confortável, um dom amaldicioado pela modernidade. Perdi o fio da meada, mas fica ai. Para concluir: "Em tempo de terra arrasada, por mais absurdo que possa parecer, às vezes é preciso que uma andorinha faça verão."
Sem melindros, não estou reclamando, só constatando. Sou do grupo dos que tem mais sensibilidade do que é confortável, um dom amaldicioado pela modernidade. Perdi o fio da meada, mas fica ai. Para concluir: "Em tempo de terra arrasada, por mais absurdo que possa parecer, às vezes é preciso que uma andorinha faça verão."
Cem voltas
Rodeia-me na cama,
De uma lado pro outro.
E depois partes.
Cem vezes volta.
Mil vezes vai.
Sentido o peito em suspenso.
De uma lado pro outro.
E depois partes.
Cem vezes volta.
Mil vezes vai.
Sentido o peito em suspenso.
Pode água doce
Ainda nesse incontido ir e vir,
Nessas paragens de ser estrada,
Não digo que te amarei em todo instante,
E sim que te amarei sempre com lealdade.
Se pergunta quem sou e te desse respostas,
Ficaria no tempo continuamente pairando
A dúvida.
Sou passarinho,
Cavalo indomável,
Que se oferece voluntariosamente
Por amor.
Sou de ventanias e águas imensuráveis,
Sou de casa e hortas,
Sou de caminhos longos e batalhas invencíveis.
Sou tua.
Sou o mundo que cabe e o que esta fora, afeita aos
Traços de tuas mãos;
Aos teus desenhos que tenho pelo meu corpo.
Se pergunta quem sou e te desse respostas,
Ficaria no tempo continuamente pairando
A dúvida.
Sou passarinho,
Cavalo indomável,
Que se oferece voluntariosamente
Por amor.
Sou de ventanias e águas imensuráveis,
Sou de casa e hortas,
Sou de caminhos longos e batalhas invencíveis.
Sou tua.
Sou o mundo que cabe e o que esta fora, afeita aos
Traços de tuas mãos;
Aos teus desenhos que tenho pelo meu corpo.
Dias de estranhamento
Daí vem aquela velha história intragável.
Que não dá pra beber entre um copo e outro.
Não bebemos.
E por isso somos rejeitados.
Não me nomeie nessa condição.
Nunca.
Ela que me foi dada.
Porque meus inimigos precisam
De mártires.
Que não dá pra beber entre um copo e outro.
Não bebemos.
E por isso somos rejeitados.
Não me nomeie nessa condição.
Nunca.
Ela que me foi dada.
Porque meus inimigos precisam
De mártires.
Às vezes é difícil descrever a felicidade que sinto.
Mas eu tento.
Porque o amor implode em imagens
Intempestivo de tantos desejos, memórias e
Essa paz de se saber amando, amada.
Algumas vezes é quase impossivel dizer o que há
Por dentro.
Mas mesmo assim eu tento
Pelo meu nome
Na tua boca.
Eu tento.
Mas eu tento.
Porque o amor implode em imagens
Intempestivo de tantos desejos, memórias e
Essa paz de se saber amando, amada.
Algumas vezes é quase impossivel dizer o que há
Por dentro.
Mas mesmo assim eu tento
Pelo meu nome
Na tua boca.
Eu tento.
Às vezes é ser só saudade.
Não sou eu que sinto saudades,
É ela que me sente.
Desmentindo na boca o fato de que às vezes
Ela existe e eu mero acessório em seu cabelo de seda.
E dá vontade de se encolher ou sair correndo mundo
Afora sem desvios para tua porta.
E com o coração na boca,
E os olhos perto dos teus
Deixar pra fora da tua casa a saudade,
Esperando-me para hora de partir
Não sei.
Não sei onde estaremos amanhã.
Por onde meus pés me levarão.
Ou para o que.
Só sei que agora eu sou só saudade.
Saudade liquida.
Saudade de voz.
E poderia morrer de saudade.
Sussurrando baixinho...
Não sou eu que sinto saudades,
É ela que me sente.
Desmentindo na boca o fato de que às vezes
Ela existe e eu mero acessório em seu cabelo de seda.
E dá vontade de se encolher ou sair correndo mundo
Afora sem desvios para tua porta.
E com o coração na boca,
E os olhos perto dos teus
Deixar pra fora da tua casa a saudade,
Esperando-me para hora de partir
Não sei.
Não sei onde estaremos amanhã.
Por onde meus pés me levarão.
Ou para o que.
Só sei que agora eu sou só saudade.
Saudade liquida.
Saudade de voz.
E poderia morrer de saudade.
Sussurrando baixinho...
Nó na garganta
Tudo está desfeito.
Tem ao menos o
Vago direito de
Ir embora sem fazer
Alarde.
O relógio bate,
Já é tarde?
Ou ainda é cedo?
Tem dó do peito
Tem nó no antigo
Leito. As imagens
Pairam sobre os lençois
São miragens:
Das minhas iras
E das tuas promessas.
Mira A. Diniz
30/08/09
Tem ao menos o
Vago direito de
Ir embora sem fazer
Alarde.
O relógio bate,
Já é tarde?
Ou ainda é cedo?
Tem dó do peito
Tem nó no antigo
Leito. As imagens
Pairam sobre os lençois
São miragens:
Das minhas iras
E das tuas promessas.
Mira A. Diniz
30/08/09
Marias Felizes
Há tanto tempo atrás, as Marias, pequenas, rosas e roxas, escolheram seu lugar de nascer. Gostavam mesmo de onde era úmido. Por isso quando chegou a sua vez de escolherem onde ia crescer, pensaram no ínicio em crescerem sobre as águas, mas era tão pequenas e tão frágeis que todo o resto que vivia na aguá ia destruí-las. Depois pensaram em grandes florestas sempre úmidas pela força dos tempos e das grandes árvores, mas tiveram receio das árvores e depois de tanto pensarem e de tanto fazerem a fila crescer, O Todo poderoso já meio sem paciência olhava pra elas com ar de reprovação.
Foi ai que alguém lá do fiz da fila gritou fiquem perto dos córregos de água, elas já ancabuladas e meio sem jeito aceitaram a proposta. E por isso as Marias crescem melhor e com grande abundância perto das águas. O apelido sem vergonha veio muito depois, com o tempo as Marias que eram conversadeiras e muito agradáveis fizeram amizade com muitos outros seres da florestas e dos chãos e passaram a conseguir pequenos favores. Presentes. Gostando disso só ampliaram as amizades. Mas isso não quer dizer que não eram sinceras.
Para todos que admiram as prisões
De dia é esse tumulto revolto por dentro.
De noite a cabeça no travesseiro sonha
Com tudo de novo mas fazendo misturas.
Hoje, pensei sobre a letra morta da lei
Que saia mais morta ainda da boca da quase viva
À minha frente.
Por um momento, um momento pequeno, achei que
Era uma maquina júridica que me falava.
E me dei conta da triste realidade do torpor
Pífio em que vivemos.
Como ele poderia não sair livre?
Está enquadrado numa das pinturas mortas descritas?
Artigo de luxo a prisão.
E me arvoro na tristeza de minha classe que come,
Viaja, compra livros...
Poderia sorrir pincelada das horas
Que passo sobre idéias.
Mas de fato só há certeza de que não há pés
Nem mãos. Só a imagem e som de passos e gestos,
E basta.
De noite a cabeça no travesseiro sonha
Com tudo de novo mas fazendo misturas.
Hoje, pensei sobre a letra morta da lei
Que saia mais morta ainda da boca da quase viva
À minha frente.
Por um momento, um momento pequeno, achei que
Era uma maquina júridica que me falava.
E me dei conta da triste realidade do torpor
Pífio em que vivemos.
Como ele poderia não sair livre?
Está enquadrado numa das pinturas mortas descritas?
Artigo de luxo a prisão.
E me arvoro na tristeza de minha classe que come,
Viaja, compra livros...
Poderia sorrir pincelada das horas
Que passo sobre idéias.
Mas de fato só há certeza de que não há pés
Nem mãos. Só a imagem e som de passos e gestos,
E basta.
Olhos verdes
Se pudesse escreveria sempre
Sobre teus olhos que se abrem sobre minhas mãos
Amorosas.
Cantaria hinos e canções sobre
Tuas mãos delicadamente colocadas
Em meu corpo adornado de odores.
Diria quanto do tempo me pertence,
E quanto está ao seu lado.
Indefiniveis que são,
Calo-me sentindo o aprofundar de
Meus carinhos por você.
Poderia ter formas de me encontrar com você em
Sonhos delicados e cheios do teu calor.
Diria da vida e beijaria tuas mãos descobrindo meus caminhos
E teus caminhos.
Posso seguir te amando,
Invadindo-me
Deglutindo-te.
Amando-nos.
Sobre teus olhos que se abrem sobre minhas mãos
Amorosas.
Cantaria hinos e canções sobre
Tuas mãos delicadamente colocadas
Em meu corpo adornado de odores.
Diria quanto do tempo me pertence,
E quanto está ao seu lado.
Indefiniveis que são,
Calo-me sentindo o aprofundar de
Meus carinhos por você.
Poderia ter formas de me encontrar com você em
Sonhos delicados e cheios do teu calor.
Diria da vida e beijaria tuas mãos descobrindo meus caminhos
E teus caminhos.
Posso seguir te amando,
Invadindo-me
Deglutindo-te.
Amando-nos.
Canção de ninar
Cálida é a luz da vida que nos abarca.
Candeia que queima trazendo odores agradáveis.
Misterioso e indefinível passar dos tempos.
Ora resoluto por compasso,
Você é.
Vagando sem rumo pelas prateleiras
Que ainda estão sendo feitas.
Aquilo, encantadoramente no canto esquerdo
Dos olhos, é essa sede carmim que nos infesta por dentro.
Depois de um tempo a gente se interfere,
Desafinando aquela mesma velha toada.
Candeia que queima trazendo odores agradáveis.
Misterioso e indefinível passar dos tempos.
Ora resoluto por compasso,
Você é.
Vagando sem rumo pelas prateleiras
Que ainda estão sendo feitas.
Aquilo, encantadoramente no canto esquerdo
Dos olhos, é essa sede carmim que nos infesta por dentro.
Depois de um tempo a gente se interfere,
Desafinando aquela mesma velha toada.
De lá
Ouvi, há um tempo, calmamente os soluços que vinham da cama dela.
Chorava já por amor. E não era o primeiro amor. Como se fosse, choramingava pelos cantos.
Juras e promessas mal cumpridas, traídas ou simplesmente ignoradas. Eu chorei com ela. Por dentro.
Não era mais criança e tudo que precisava, mesmo, era de um colo de mãe. Eu dei. Apesar de não o ser. Pela solidariedade, quase sempre, negada que as mulheres sabem instintivamente ter entre si. Por amor. Amor que vinha de muito antes e iria pra muito depois. Eu vi o tempo passando, o meu, o dela. Eu a vi, amar de novo. Entusiasmada como uma adolescente.
Seus olhos, no entanto eram de água apenas por alguém e por mais ninguém. Há quem acredite em um grande inimaginável único amor. Eu não. Acho que amamos. Não conheço medidas para dizer amei mais ou menos. O que eu sei é que têm amores que perduram e se aprofundam e amores que se consomem e passam. Alguns dirão que sempre carregamos os nosso amores, que na verdade nunca passam, só ficam ali sem vontade de serem realizados.
Eu conheci essa mulher por quem ela devotava tanto amor, do tipo que perdura e se aprofunda. Eu gosto do cheiro dessa mulher e dos gestos dela. E com o tempo aprendi a respeitá-la irrestritamente. E nutri por ela um carinho quiçá um amor fraterno e meigo. Ela gosta de mim, apesar de eu não saber exatamente o porque.
Mas essa que vi chorar, por anos foi ao seu encontro sem ter idéia do que era para ser dito. E finalmente ouviu juras de amor. Alguns dirão que a primeira mulher foi estúpida por devotar e nutrir esse amor pela outra por tanto anos. Alguns dirão que a segunda mulher foi injusta, cruel. Demorou anos e anos pra descobrir o amor dentro dela. Que erraram as duas insistentemente. Penso que não existe viva alma nesse mundo que pode dizer isso ou aquilo das duas. Penso que o amor, assim como a vida, tem caminhos que não nos permitem uma compreensão absoluta ou racional. Caminhos que permeiam o mágico. E o melhor a fazer é aceitá-los, agarrar, com os dentes, os caminhos e ir abrindo com os pés e com sinceridade cada um dos passos.
Hoje, eu vejo essa mulher sorrir na cama dela. E de lá de onde estou, que não é perto, sinto que quando o seu coração se aquece, o meu se aquece também. Apenas, porque há uma beleza imensurável em vê-la feliz!
Por tanto
Portanto é assim que calamos pelas esquinas.
Sem saber onde exatamente estamos.
Sabe, muito foi-se.
Mas muito chegará.
São as nossas ondas.
Transformadas em ressacas.
Areias e mais areias por todo lado.
Por tanto mais eu não deixaria de te amar.
Por tanto menos não mudaria o que senti.
Não há grandes segredos, reinventemo-nos.
E cada canto dessa nossa morada terá recebido de novo,
O nosso amor.
Sem saber onde exatamente estamos.
Sabe, muito foi-se.
Mas muito chegará.
São as nossas ondas.
Transformadas em ressacas.
Areias e mais areias por todo lado.
Por tanto mais eu não deixaria de te amar.
Por tanto menos não mudaria o que senti.
Não há grandes segredos, reinventemo-nos.
E cada canto dessa nossa morada terá recebido de novo,
O nosso amor.
Declaração
Primeiro agradeço por tudo que és
E nem imaginas, mesmo sempre sabendo o que não te digo.
Ser gente perto de ti, amando levemente.
Sinto que seremos como gansos, que o amor
Que tenho lhe será sempre fiel, fiel pela vida toda.
Me entende?
Teus olhos me fitam longamente,
Trazendo-me esse gosto de encantamentos tantos tonteantes.
Observo-te, e rezo para que a saudade não me leve
E venha dormir comigo. Calada ao meu lado.
Tuas mãos me levam longe, tão longas distância são
Sentidas que o tempo se expande em tua ausência.
Sou feliz na medida em que não sou triste.
Mais que isso, sou do mundo, dada em oferenda para teus braços
Abertos.
Pudéssemos seriamos iguais tenho certeza.
Toda paciência e entendimento se fazem sublimes
Porque são aguados com nossas danças de amor.
Olha: se há caminhos seguiremos por eles,
Se não os faremos.
Se não for possível o amor perdura eventualmente.
Se não sentes os pés, respira e flutua enquanto
Me visto de caricias dentro das tuas portas abertas.
E nem imaginas, mesmo sempre sabendo o que não te digo.
Ser gente perto de ti, amando levemente.
Sinto que seremos como gansos, que o amor
Que tenho lhe será sempre fiel, fiel pela vida toda.
Me entende?
Teus olhos me fitam longamente,
Trazendo-me esse gosto de encantamentos tantos tonteantes.
Observo-te, e rezo para que a saudade não me leve
E venha dormir comigo. Calada ao meu lado.
Tuas mãos me levam longe, tão longas distância são
Sentidas que o tempo se expande em tua ausência.
Sou feliz na medida em que não sou triste.
Mais que isso, sou do mundo, dada em oferenda para teus braços
Abertos.
Pudéssemos seriamos iguais tenho certeza.
Toda paciência e entendimento se fazem sublimes
Porque são aguados com nossas danças de amor.
Olha: se há caminhos seguiremos por eles,
Se não os faremos.
Se não for possível o amor perdura eventualmente.
Se não sentes os pés, respira e flutua enquanto
Me visto de caricias dentro das tuas portas abertas.
Musa e Cais
(Ao programa Lixeirinha)
Dizia um amigo que tem gente por ai
Que enxerga cores nas músicas.
Disso eu não sei. Mas sei que há palhetas de sons
Que nos trazem cores de longas datas.
Transporte no tempo, tons, ritmos...
Música é como companheira de viagens.
Nos ocupa por dentro fazendo que sejamos
Um pouco letra um pouco melodia.
Dizia um amigo que tem gente por ai
Que enxerga cores nas músicas.
Disso eu não sei. Mas sei que há palhetas de sons
Que nos trazem cores de longas datas.
Transporte no tempo, tons, ritmos...
Música é como companheira de viagens.
Nos ocupa por dentro fazendo que sejamos
Um pouco letra um pouco melodia.
Como dizer do mundo?
Nunca soube exatamente o que deveria dizer,
Até o momento em que disse.
Sou uma estrangeira de minha própria consciência.
Somos feitos da mesma matéria que as estrelas.
Somos pó de estrela, mas vivemos como
Pó de gente."
Até o momento em que disse.
Sou uma estrangeira de minha própria consciência.
Somos feitos da mesma matéria que as estrelas.
Somos pó de estrela, mas vivemos como
Pó de gente."
(Re)Encontro
Afeita de saudades tuas.
Trago um pouco de esperança em cada
Um dos olhos.
Sendo boca, ouvidos e arrepios
Dou-lhe todos eles, um pouco, não tudo.
Contamos os dias em semanas e as semanas em anos.
E o tempo esta perdido nas nossas distâncias involuntárias.
De tudo: mudaria o seu endereço.
Nesse instante, agradeço, cada encontro novo.
Que sempre me soa como o primeiro: peito disparado e
Boca sorrindo.
Trago um pouco de esperança em cada
Um dos olhos.
Sendo boca, ouvidos e arrepios
Dou-lhe todos eles, um pouco, não tudo.
Contamos os dias em semanas e as semanas em anos.
E o tempo esta perdido nas nossas distâncias involuntárias.
De tudo: mudaria o seu endereço.
Nesse instante, agradeço, cada encontro novo.
Que sempre me soa como o primeiro: peito disparado e
Boca sorrindo.
Dez Pedidos
Primeiro digo a vocês que
As parcelas eu já paguei,
E mesmo assim houveram protestos e covardias.
Se agem esperem, queridos, reações diversas e
Adversas. Sou agora floresta devastada, devassada,
Desconstituída de bondades.
Foram-me caros.
De noite somos todos iguais de dia algumas sombras são maiores que outras, deixem-nas em paz.
Caminhem, pois, os passos são largos e o dias curtos.
As parcelas eu já paguei,
E mesmo assim houveram protestos e covardias.
Se agem esperem, queridos, reações diversas e
Adversas. Sou agora floresta devastada, devassada,
Desconstituída de bondades.
Foram-me caros.
De noite somos todos iguais de dia algumas sombras são maiores que outras, deixem-nas em paz.
Caminhem, pois, os passos são largos e o dias curtos.
Menina de olhos claros
Ouve querida!
Ouve as imagens pregadas na parede.
Desertos atravessaremos eu e elas,
Se queres vem comigo, mas nunca faça sons,
Estarei sempre ocupada. Sempre coberta de águas novas.
Eu sei! Tudo a volta está seco.
Parece perdido, mas vislumbro que você é fénix de aguá meu amor.
Continua tua estrada.
Eu também gosto de atalhos, ruidosos.
Colados em bocas ardentes!
Cuidado querida!
Eles logo virão buscar o que lhes pertence de você!
Deve pagar os tributos sem reclamar.
Os sinos marcam as horas e
Seu trabalho é longo ainda!
Cautela.
Cozinhas as sonhos em banho-maria
Antes que se derretam e sequem.
O dia vem chegando majestoso.
Abre a janela e vai!
Nós te amamos.
Ouve as imagens pregadas na parede.
Desertos atravessaremos eu e elas,
Se queres vem comigo, mas nunca faça sons,
Estarei sempre ocupada. Sempre coberta de águas novas.
Eu sei! Tudo a volta está seco.
Parece perdido, mas vislumbro que você é fénix de aguá meu amor.
Continua tua estrada.
Eu também gosto de atalhos, ruidosos.
Colados em bocas ardentes!
Cuidado querida!
Eles logo virão buscar o que lhes pertence de você!
Deve pagar os tributos sem reclamar.
Os sinos marcam as horas e
Seu trabalho é longo ainda!
Cautela.
Cozinhas as sonhos em banho-maria
Antes que se derretam e sequem.
O dia vem chegando majestoso.
Abre a janela e vai!
Nós te amamos.
Fragmento
Olho essa casa em que moro agora. Estou em Franca há dois anos e meio praticamente e a casa está repleta de coisas. Muitas coisas. Inquieta-me todas elas acumuladas sob meus olhos. Tenho vontade de vender tudo esvaziar tudo e ir embora. Mas isso não nos muda por dentro. Ou muda, claro, atitudes concretas nos tranformam por dentro de alguma maneira.
A vida é esta. Cansada. Comedida. Transparente de tantas casualidades. Depois de um tempo é assim uma coisa e outra. E caminhamos pra frente. O tempo dos relógios vai nos engolindo em convenções. Tudo muito óbvio. Não gosto quando escrevo sobre o óbvio obviamente. Que fazer é isso que esta saindo de dentro agora: O óbvio obviamente retratado.
Mas dai, de que me serve entende? De que me serve várias coisas. Tudo aqui juntando poeira. Poesia de baixo da esquina em cima. As vezes, olho as coisas e penso o que é um dia. Não é nada no tempo. Percebam, é nesse tempo contido no dia que fazemos coisas. Vê? Como é estranho é no insginificante que construímos as coisas significativas em amplo sentido.
A vida é esta. Cansada. Comedida. Transparente de tantas casualidades. Depois de um tempo é assim uma coisa e outra. E caminhamos pra frente. O tempo dos relógios vai nos engolindo em convenções. Tudo muito óbvio. Não gosto quando escrevo sobre o óbvio obviamente. Que fazer é isso que esta saindo de dentro agora: O óbvio obviamente retratado.
Mas dai, de que me serve entende? De que me serve várias coisas. Tudo aqui juntando poeira. Poesia de baixo da esquina em cima. As vezes, olho as coisas e penso o que é um dia. Não é nada no tempo. Percebam, é nesse tempo contido no dia que fazemos coisas. Vê? Como é estranho é no insginificante que construímos as coisas significativas em amplo sentido.
Olhos, bocas e pernas
Olhai distâncias sem nunca amedontrar-te.
Elas são como animais selvagens.
Se apoderam do cheiro de quem as teme,
E os engolem, levando tudo que tem pela frente,
Como grandes ondas do mar.
Aquieta-te.
És um grande mosaico de lonjuras,
Esparsas.
Quebradas em desafiosos encontros.
Sob várias luzes.
Abre-te.
Há rumos pela frente,
Passados pelos sons de teus sapatos antigos.
Não vês? Tocas castanholas e amores em tango cigano.
É tudo quanto precisa, preciosa maneira de ser-estando.
Vais e olha teus próprios calcanhares,
Caminhando, vencendo lugares, criando.
E lembre-te de um velho conselho:
Partir é sempre chegar em outras paragens!
Elas são como animais selvagens.
Se apoderam do cheiro de quem as teme,
E os engolem, levando tudo que tem pela frente,
Como grandes ondas do mar.
Aquieta-te.
És um grande mosaico de lonjuras,
Esparsas.
Quebradas em desafiosos encontros.
Sob várias luzes.
Abre-te.
Há rumos pela frente,
Passados pelos sons de teus sapatos antigos.
Não vês? Tocas castanholas e amores em tango cigano.
É tudo quanto precisa, preciosa maneira de ser-estando.
Vais e olha teus próprios calcanhares,
Caminhando, vencendo lugares, criando.
E lembre-te de um velho conselho:
Partir é sempre chegar em outras paragens!
Camisa de listras roxas
Chego com as compras do super mercado. Olha-me com paciência, a pressa se apoderou de mim, logo tenho que partir de novo para o trabalho. Ficou em casa o dia todo, cuidando das crianças e escrevendo. Levanta-se, me ajuda com as compra. Pergunta do dia. Não tenho tempo e nem disposição para responder agora. Digo-lhe isso. Olha-me demoradamente com um pouco de frieza. Essa é minha frieza, só se faz de espelho, quando eu digo ou faço algo do tipo.
Diz que me ama. Agora, não posso sentir amor. Por isso dou-lhe um beijo carinhoso. E saio correndo.
De noite, chego. As crianças já estão dormindo. Olha-me com desejo. Tomo um banho quente, demorado.
Ligo o computador. Olha-me de novo. Senta-se ao meu lado e me acaricia sob a roupa leve. Primeiro nas costas, descendo a mão vagarosamente, despretenciosamente pelas minhas coxas. Fico com tesão. Olha-me. E nos deitamos...
Sete da manhã o despertador grita na minha cabeça. Que horror de vida. Saio correndo, visto minha camisa de listras roxas e saio para o trabalho.
Diz que me ama. Agora, não posso sentir amor. Por isso dou-lhe um beijo carinhoso. E saio correndo.
De noite, chego. As crianças já estão dormindo. Olha-me com desejo. Tomo um banho quente, demorado.
Ligo o computador. Olha-me de novo. Senta-se ao meu lado e me acaricia sob a roupa leve. Primeiro nas costas, descendo a mão vagarosamente, despretenciosamente pelas minhas coxas. Fico com tesão. Olha-me. E nos deitamos...
Sete da manhã o despertador grita na minha cabeça. Que horror de vida. Saio correndo, visto minha camisa de listras roxas e saio para o trabalho.
Gostos
Venho desse tempo tão vasto.
Infinitamente desnudo de propostas e
Porteiras.
Venho desse tempo imundo de humanidades
Avacalhantes.
Vivo do lado desumano
Selvagerias descontinuadas.
Mas, me vens assim de lugares parecidos
Com os meus.
Dividir cama e odores matinais comigo.
Depois nuances, olhos, meias, comidas.
Intuo as tuas porções que me insinuam por dentro
Tomando conta dos meus espaços.
Calo-me em confissões
Expansivas.
Destronada de temores e feita
Um pouco tua, um pouco dada do mundo para
Tua boca e pele sempre ávida.
Infinitamente desnudo de propostas e
Porteiras.
Venho desse tempo imundo de humanidades
Avacalhantes.
Vivo do lado desumano
Selvagerias descontinuadas.
Mas, me vens assim de lugares parecidos
Com os meus.
Dividir cama e odores matinais comigo.
Depois nuances, olhos, meias, comidas.
Intuo as tuas porções que me insinuam por dentro
Tomando conta dos meus espaços.
Calo-me em confissões
Expansivas.
Destronada de temores e feita
Um pouco tua, um pouco dada do mundo para
Tua boca e pele sempre ávida.
Meio vazio
Olham todos para o mesmo lugar.
Não podem mudar de rumo.
Está traçado o destino.
Serão bravos lutadores.
Bravos guerreiros.
Bravos e dignos de aplausos condencendentes
A todo malabarismo barato que fazem em
Pequenas tramas internas.
Estão todos aprisioneiros
Dos seus malogrados objetivos.
São como jumentos com freios carregando
Pianos e balaios.
Não podem mudar de rumo.
Está traçado o destino.
Serão bravos lutadores.
Bravos guerreiros.
Bravos e dignos de aplausos condencendentes
A todo malabarismo barato que fazem em
Pequenas tramas internas.
Estão todos aprisioneiros
Dos seus malogrados objetivos.
São como jumentos com freios carregando
Pianos e balaios.
Entrada de palco
Somos estradas às vezes
Sinuosas ou largas avenidas
Às vezes de terra, outras rodovias.
Secas ou elamiadas.
Às vezes curtas,
Por vezes infinitas em nossas extensões.
Somos estradas ora desérticas,
Ora feitas de multidões aparvalhadas.
Ora com estalagens e aconchegantes motéis,
Algumas apenas estradas.
Somos estradas para outros que
Passam, às vezes rápido demais
Para que nos demos conta.
Ou vagarosamente para que nos deixem
Marcas, passos e lembranças para guardar
Debaixo do colchão.
Somos todos passeios de primavera.
Cálido como mãos infantis.
Ser estrada é como ser gente.
Sinuosas ou largas avenidas
Às vezes de terra, outras rodovias.
Secas ou elamiadas.
Às vezes curtas,
Por vezes infinitas em nossas extensões.
Somos estradas ora desérticas,
Ora feitas de multidões aparvalhadas.
Ora com estalagens e aconchegantes motéis,
Algumas apenas estradas.
Somos estradas para outros que
Passam, às vezes rápido demais
Para que nos demos conta.
Ou vagarosamente para que nos deixem
Marcas, passos e lembranças para guardar
Debaixo do colchão.
Somos todos passeios de primavera.
Cálido como mãos infantis.
Ser estrada é como ser gente.
Insistência
Cada passo ressoa.
Uma memória em cada esquina,
Das casas, gostos e deleites.
Cada ser intui onde está.
Olhando á maneira insone
Para um mundo que insiste em dormir.
Cada dia passa.
Alternando-se em velhos e novos.
Sentados na beirada do mirante.
Mas as retinas fotografam.
As imagens perduram.
Destronadas as nossas angustias,
Partem.
Colocando no lugar interno,
Um pouco de sal e pimenta.
Uma memória em cada esquina,
Das casas, gostos e deleites.
Cada ser intui onde está.
Olhando á maneira insone
Para um mundo que insiste em dormir.
Cada dia passa.
Alternando-se em velhos e novos.
Sentados na beirada do mirante.
Mas as retinas fotografam.
As imagens perduram.
Destronadas as nossas angustias,
Partem.
Colocando no lugar interno,
Um pouco de sal e pimenta.
Sou meio torta,
Um pouco fora de rota.
Estrondosa como baterias
Ora desafinada, ora afinada.
Sou de sinfonias,
Toco piano.
Carrego piano
E sei reger orquestra.
Mas não me importo,
Não sou mais nem menos
Valorosa perante o mundo.
Sou de cavernas e
Labirinto interno. Escadas e
Portas. Quatro dimensões ou
Mais por dentro.
Só quero agora,
Separar os caminhos,
Traçar rotas de fuga,
Caminhar ao lado
Numa madrugada fresca
E longa, longinqua.
Um pouco fora de rota.
Estrondosa como baterias
Ora desafinada, ora afinada.
Sou de sinfonias,
Toco piano.
Carrego piano
E sei reger orquestra.
Mas não me importo,
Não sou mais nem menos
Valorosa perante o mundo.
Sou de cavernas e
Labirinto interno. Escadas e
Portas. Quatro dimensões ou
Mais por dentro.
Só quero agora,
Separar os caminhos,
Traçar rotas de fuga,
Caminhar ao lado
Numa madrugada fresca
E longa, longinqua.
Das Vozes e dos tempos
Vozes me chegam
Há muito a ser feito,
Pouco tempo para tão pouco.
Elas me falam das desilusões,
Dos percauços,
Das dificuldades de ser mundo no ser humano.
Peço que se acalmem,
Carregamos: seres de cargas que somos,
Co-carregamos: seres de outros que tentamos construir.
Corremos feito corregos que acabaram de nascer e descem
Encostas com a pressa que só as crianças sabem ter.
Pois, digo aqueles que me sabem e se cabem:
Que depois de uma tempestade cuidem para que
Venha a calmaria,
Que ao descer ladeiras
Pressintam a queda e escolham
Com ciencia se querem cair ou não.
Que ao subir escadas
Conheçam pacientemente todos os degraus
Para uma descida melhor e um caminho
Mais real.
Que ao falarem do outro,
Incluam em sua boca e mente,
Metade de você...
Há muito a ser feito,
Pouco tempo para tão pouco.
Elas me falam das desilusões,
Dos percauços,
Das dificuldades de ser mundo no ser humano.
Peço que se acalmem,
Carregamos: seres de cargas que somos,
Co-carregamos: seres de outros que tentamos construir.
Corremos feito corregos que acabaram de nascer e descem
Encostas com a pressa que só as crianças sabem ter.
Pois, digo aqueles que me sabem e se cabem:
Que depois de uma tempestade cuidem para que
Venha a calmaria,
Que ao descer ladeiras
Pressintam a queda e escolham
Com ciencia se querem cair ou não.
Que ao subir escadas
Conheçam pacientemente todos os degraus
Para uma descida melhor e um caminho
Mais real.
Que ao falarem do outro,
Incluam em sua boca e mente,
Metade de você...
Dentro e fora
Hoje, choveu em mim...
Por fora e por dentro.
Fez-me toda sensações
E me parece cada vez mais que estou
Rompendo-me por dentro.
Minhas represas rangem,
Sinto que logo serei uma inundação
Enchendo os espaços,
Lavando os pesadelos,
E depois escoando lentamente,
Deixando a terras internas
Prontas para um novo florescer.
Amanhã,
Sinto que haverá primavera,
Por dentro e por fora.
Por fora e por dentro.
Fez-me toda sensações
E me parece cada vez mais que estou
Rompendo-me por dentro.
Minhas represas rangem,
Sinto que logo serei uma inundação
Enchendo os espaços,
Lavando os pesadelos,
E depois escoando lentamente,
Deixando a terras internas
Prontas para um novo florescer.
Amanhã,
Sinto que haverá primavera,
Por dentro e por fora.
A quem procura a garantia
Quem garante que a
Linha do horizonte segrega
O mar do céu?
A infinidade azul se
Funde na luz que procura dentro de nós
Assegurar os pés para a frente.
Como os países que são separados pela imaginação.
O que é certo quem pode garantir?
Humanamente o capital
Pede seguro, um seguro.
Do homem até mesmo
O sentimento oscila.
A certeza de quem consente
Caminhando mesmo sem conhecer para onde.
E abre as verdades com passos
E planta para outros que talvez virão...
É certo, é paradoxalmente certo
Que as estrelas hão de morrer.
O segredo do que se expande
É que a morte é a semente.
Mira A. Diniz
20/07/07
Angu, Tia! Angu.
E agora? Que faço eu...
É entrei na porta errada,
A casa não era minha.
Estou presa.
Com pressa e fome de
Luz. Estou triste.
E o peito se desfaz em
Temores vãos...
E agora, tia?
Vai me servir angu?
É entrei na porta errada,
A casa não era minha.
Estou presa.
Com pressa e fome de
Luz. Estou triste.
E o peito se desfaz em
Temores vãos...
E agora, tia?
Vai me servir angu?
Poema de uma linha só
Penso que o maior desafio da humanidade é agir como fala, falar como pensa e pensar como age.
Estrada
(Sobre o enigma de ser gente num mundo.)
Sou de estradas,
Na mesma proporção que sou de
Estadas.
Em opostos,
Ou crio casa, filhos, medos...
Ao pé do fogão a lenha.
Ou pego mochila e cabeça
E vou indo.
Junto, sei que sempre terei
O lugar para onde voltar,
Meu lar de nascença,
Guardado no peito da noite,
Sempre no breu,
Sempre no raiar do sol levantando
As neblinas da madrugada.
Mas os pés são esses que fitam
A poeira da estrada e desejam o caminhar
Caminhando-se.
Sou de partidas e chegadas.
Pares estando juntos no peito.
Mas a constância, ah essa constância,
Sou de intensidade e mulher-formiga
Carregadora de segredos, minúcias, mudanças,
Amores, dores, angústias, felicidades, tonteamentos,
Atordoamentos, explosões, implosões...
Minhas liberdades me libertam
E me aprisionam,
Sou mais selvagem do que gente,
Mais gente do que gente,
Mais voz do que viola.
Sou de estradas,
Na mesma proporção que sou de
Estadas.
Em opostos,
Ou crio casa, filhos, medos...
Ao pé do fogão a lenha.
Ou pego mochila e cabeça
E vou indo.
Junto, sei que sempre terei
O lugar para onde voltar,
Meu lar de nascença,
Guardado no peito da noite,
Sempre no breu,
Sempre no raiar do sol levantando
As neblinas da madrugada.
Mas os pés são esses que fitam
A poeira da estrada e desejam o caminhar
Caminhando-se.
Sou de partidas e chegadas.
Pares estando juntos no peito.
Mas a constância, ah essa constância,
Sou de intensidade e mulher-formiga
Carregadora de segredos, minúcias, mudanças,
Amores, dores, angústias, felicidades, tonteamentos,
Atordoamentos, explosões, implosões...
Minhas liberdades me libertam
E me aprisionam,
Sou mais selvagem do que gente,
Mais gente do que gente,
Mais voz do que viola.
Impressões
Hoje fui ao cemitério. Eu sempre gostei de ir a cemitérios. Eles representam um lugar calmo e silencioso em meio ao caos das cidades. Seja pelo pequeno número de pessoas que lá vão, seja pelo respeito involuntário que faz com que as proximidades fiquem quietas a maior parte do tempo. Sempre foi como entrar em outro mundo. A maioria das vezes que fui a cemitérios, todas exceto por ocasião de enterros, eu estava em meus passeios de final de tarde de bicicleta. Antes eu apenas passava por lá, depois que meu avô materno morreu passei a procurá-lo por entre as lápides. Nem sempre achava seu túmulo. Penso que ele se escondia de mim quando achava que eu ia importuná-lo com minhas reflexões a cerca da vida e apesar da paciência de pescador que foi, imagino que tinha dias que gostava da solidão e da quietude. Confesso que aquelas milhares de plaquinhas com nome de estranhos também não me ajudavam.
Com o tempo ao observar as raras pessoas que encontrava por acaso no cemitério criei uma teoria. As pessoas estavam sempre com expressões de reverência como se fosse encontrar com seus santos milagreiros e em geral eram idosas mulheres. Se encontrei durante os meus passeios no cemitério 3 ou 4 homens, foi muito. Sempre encontrei os homens idosos na porta de suas casas sozinhos, olhando o movimento com olhos de ânsia, tinha a impressão que estavam esperando que alguém parasse para que eles contassem suas façanhas da juventude e perguntassem sobre o mundo. Nunca parei. Sempre acenei a eles com sorrisos e balançadas de cabeça, como nos velhos tempos. Aos domingos á tarde, sejam nos cemitérios ou nas calçadas, senhores e senhoras tomam conta de tudo. A velhice solitária deve ser um eterno domingo à tarde sem chuva, quente e invariavelmente parado e melancólico.
Mas vamos à teoria dos cemitérios: nos cemitérios todos são santos. Não importa o quão ruim se foi em vida a morte, para quem a teme, torna os piores homens santos, com seus túmulos gravados e ossos sob a terra. Penso que até mesmo monstros da humanidade seriam tratados como santos se lhes mudassem o nome da plaqueta. Que importa se seus nomes não fossem santificados seus ossos continuariam sendo. Os cemitérios são uma tentativa de não esquecimento. Uma forma de ser eterno aqui na terra. Mesmo para estranhos, como eu que passam por lá a procura de outras respostas, que não suas vidas. A pedra, os ossos e as plaquetas comprovam que houve a existência daquela pessoa. Eu mesma sempre lia vários nomes de gente que morreu há décadas, eram eternas para mim com seus ossos sob meus pés.
Decidi, há algum tempo que não quero ser enterrada, não quero plaqueta, nem pedra sobre mim. Quero ser queimada e que minhas cinzas, que não passarão de cinzas, sejam jogadas em qualquer lugar. Não quero um monumento sob meu nome. Se um dia e só se um dia eu for lembrada não quero que seja pela pedra moldada pelo homem, que seja pela pedra selvagem que se lembrará de mim porque um dia eu estive lá subindo montanhas e atravessando rios. Se um dia eu for lembrada nessa terra quero que seja pela sensibilidade, pela poesia que eu tanto amo. Não preciso nem de livros em meu nome, que sejam apenas livros. Aprendi e pretendo aprender cada vez mais que sou ínfima diante da grandiosidade e que ser ínfima não é ruim, ser parte do todo é como ser o todo e, portanto não se deve temer o esquecimento. Deve-se temer a mediocridade, o medo do medo (porque temer é humano), os preconceitos, a incapacidade de morrer quando há necessidade, a imobilidade, o cativeiro que às vezes nos colocamos por medo da dor e da decepção, o desamor, o apego, a rigidez e o endurecimento...
Sentir-se livre às 4 horas da tarde com o vento batendo no rosto, é como ser Deus. Descobri uma paixão e como todas as minhas paixões imagino que essa vá durar pela vida inteira. É o mesmo sentimento de quando pego papel e caneta e posso divagar em minhas próprias idéias de liberdade, de beleza, da condição de ser humano, de qualquer coisa que me venha à mente sob uma visão nova e posso colorir o mundo com as cores que me apetecem, com cores de vento, sol, fogo, cores com gosto de chuva e vida e pequenas plantas que nascem nas florestas. Esse mesmo prazer eu descobri em subir montanhas e caminhar... ”A estrada é um lugar perigoso, você bota seus pés nela e não sabe onde eles podem chegar.” É a liberdade, de se sentir parte de tudo e perceber que mesmo sendo pequeno perante a grandiosidade da natureza e do tempo você é grande. Muito grande... Infinito. Quem sobe montanhas nunca mais é o mesmo, não é possível ser a mesma pessoa,é como uma revelação, tudo que se pensa ser some, é um dos raros momentos em que se pode ampliar a vida e sentir que existir é simplesmente bom, é ter certeza que é preciso essa liberdade muito mais do que das nossas velhas convenções...
Se perguntar palavras que poderia dar de conselho a uma pessoa são: suba uma montanha, sente-se na frente do mar para ver o sol raiar e o sol se por, pelo uma vez pare se enganar que esta se escutando e se escute e quando achar que as coisas estão difíceis e que aquele ponto é seu último, feche os olhos respire fundo e lembre-se do vento e da sensação de estar lá no topo depois de horas de caminhada. Liberte-se.
Mira A. Diniz
27/07/08
Com o tempo ao observar as raras pessoas que encontrava por acaso no cemitério criei uma teoria. As pessoas estavam sempre com expressões de reverência como se fosse encontrar com seus santos milagreiros e em geral eram idosas mulheres. Se encontrei durante os meus passeios no cemitério 3 ou 4 homens, foi muito. Sempre encontrei os homens idosos na porta de suas casas sozinhos, olhando o movimento com olhos de ânsia, tinha a impressão que estavam esperando que alguém parasse para que eles contassem suas façanhas da juventude e perguntassem sobre o mundo. Nunca parei. Sempre acenei a eles com sorrisos e balançadas de cabeça, como nos velhos tempos. Aos domingos á tarde, sejam nos cemitérios ou nas calçadas, senhores e senhoras tomam conta de tudo. A velhice solitária deve ser um eterno domingo à tarde sem chuva, quente e invariavelmente parado e melancólico.
Mas vamos à teoria dos cemitérios: nos cemitérios todos são santos. Não importa o quão ruim se foi em vida a morte, para quem a teme, torna os piores homens santos, com seus túmulos gravados e ossos sob a terra. Penso que até mesmo monstros da humanidade seriam tratados como santos se lhes mudassem o nome da plaqueta. Que importa se seus nomes não fossem santificados seus ossos continuariam sendo. Os cemitérios são uma tentativa de não esquecimento. Uma forma de ser eterno aqui na terra. Mesmo para estranhos, como eu que passam por lá a procura de outras respostas, que não suas vidas. A pedra, os ossos e as plaquetas comprovam que houve a existência daquela pessoa. Eu mesma sempre lia vários nomes de gente que morreu há décadas, eram eternas para mim com seus ossos sob meus pés.
Decidi, há algum tempo que não quero ser enterrada, não quero plaqueta, nem pedra sobre mim. Quero ser queimada e que minhas cinzas, que não passarão de cinzas, sejam jogadas em qualquer lugar. Não quero um monumento sob meu nome. Se um dia e só se um dia eu for lembrada não quero que seja pela pedra moldada pelo homem, que seja pela pedra selvagem que se lembrará de mim porque um dia eu estive lá subindo montanhas e atravessando rios. Se um dia eu for lembrada nessa terra quero que seja pela sensibilidade, pela poesia que eu tanto amo. Não preciso nem de livros em meu nome, que sejam apenas livros. Aprendi e pretendo aprender cada vez mais que sou ínfima diante da grandiosidade e que ser ínfima não é ruim, ser parte do todo é como ser o todo e, portanto não se deve temer o esquecimento. Deve-se temer a mediocridade, o medo do medo (porque temer é humano), os preconceitos, a incapacidade de morrer quando há necessidade, a imobilidade, o cativeiro que às vezes nos colocamos por medo da dor e da decepção, o desamor, o apego, a rigidez e o endurecimento...
Sentir-se livre às 4 horas da tarde com o vento batendo no rosto, é como ser Deus. Descobri uma paixão e como todas as minhas paixões imagino que essa vá durar pela vida inteira. É o mesmo sentimento de quando pego papel e caneta e posso divagar em minhas próprias idéias de liberdade, de beleza, da condição de ser humano, de qualquer coisa que me venha à mente sob uma visão nova e posso colorir o mundo com as cores que me apetecem, com cores de vento, sol, fogo, cores com gosto de chuva e vida e pequenas plantas que nascem nas florestas. Esse mesmo prazer eu descobri em subir montanhas e caminhar... ”A estrada é um lugar perigoso, você bota seus pés nela e não sabe onde eles podem chegar.” É a liberdade, de se sentir parte de tudo e perceber que mesmo sendo pequeno perante a grandiosidade da natureza e do tempo você é grande. Muito grande... Infinito. Quem sobe montanhas nunca mais é o mesmo, não é possível ser a mesma pessoa,é como uma revelação, tudo que se pensa ser some, é um dos raros momentos em que se pode ampliar a vida e sentir que existir é simplesmente bom, é ter certeza que é preciso essa liberdade muito mais do que das nossas velhas convenções...
Se perguntar palavras que poderia dar de conselho a uma pessoa são: suba uma montanha, sente-se na frente do mar para ver o sol raiar e o sol se por, pelo uma vez pare se enganar que esta se escutando e se escute e quando achar que as coisas estão difíceis e que aquele ponto é seu último, feche os olhos respire fundo e lembre-se do vento e da sensação de estar lá no topo depois de horas de caminhada. Liberte-se.
Mira A. Diniz
27/07/08
Elogio ao tempo
Há tempos não
Podia sentir tão desregradamente.
Tão livre o frio da espinha.
Há tempos não me era
Permitido esse longo mergulho
No mar.
Fundindo-me como se fosse
Feita do azul que fica no horizonte.
Há tempos não sentia o céu,
Meu teto mais preciso,
E no calor um lugar bom de se encontrar.
Há tempos o mundo não
Presenteava, não tornava
Quase que orgânica essa coisa
De sentir-se no outro que se sente em mim.
Há tempos a queda não era tão longa,
E o flutuar tão leve.
E as palavras tão precisas.
Há tempos...
Por isso, faço aqui um agradecimento
Público ao tempo em que estou contida.
Agradeço aos caminhos de agora e aos caminhos
Futuros, mesmo que se distanciem,
Terão neles esse paladar contido no
Gosto do amanhã.
Podia sentir tão desregradamente.
Tão livre o frio da espinha.
Há tempos não me era
Permitido esse longo mergulho
No mar.
Fundindo-me como se fosse
Feita do azul que fica no horizonte.
Há tempos não sentia o céu,
Meu teto mais preciso,
E no calor um lugar bom de se encontrar.
Há tempos o mundo não
Presenteava, não tornava
Quase que orgânica essa coisa
De sentir-se no outro que se sente em mim.
Há tempos a queda não era tão longa,
E o flutuar tão leve.
E as palavras tão precisas.
Há tempos...
Por isso, faço aqui um agradecimento
Público ao tempo em que estou contida.
Agradeço aos caminhos de agora e aos caminhos
Futuros, mesmo que se distanciem,
Terão neles esse paladar contido no
Gosto do amanhã.
Sal da idade
É essa coisa que sente meio dormente,
Um pouco atordoada.
E o peito salgado aperta
O ar indo e vindo.
Vindo com calma e
Indo suspirado.
A largas braçadas
Vamos nadando da praia
Para mar aberto.
Começas nos pés e vai subindo...
Enquanto tivermos braços,
Vai bem.
Depois, é só perigo de se
Afogar...
Encolhidos no colo do mar,
Cheio de Sal da idade
É provável que haja só sono,
Memória e um pouco
De vaidade.
Um pouco atordoada.
E o peito salgado aperta
O ar indo e vindo.
Vindo com calma e
Indo suspirado.
A largas braçadas
Vamos nadando da praia
Para mar aberto.
Começas nos pés e vai subindo...
Enquanto tivermos braços,
Vai bem.
Depois, é só perigo de se
Afogar...
Encolhidos no colo do mar,
Cheio de Sal da idade
É provável que haja só sono,
Memória e um pouco
De vaidade.
Em boa hora
Olhei nos olhos de uma criança esses dias, coisa perigosa a se fazer. As criança ainda carregam olhos sem dissimulação desse mundo de destroços para muitos. Ela estava tentando vender panos de prato para os ocupantes das mesas de um bar, um bar em que a conta não vai dar menos que cem reais.
Primeiro, olhei os gesto pequenos, envergonhados, atordoados, era uma menina, seu rosto estava sujo e os cabelos desgranhados. Depois, olhei o saco cheio de panos de prato e juro que quis abaixar a cabeça e fechar os olhos. Mas, como posso me acovardar diante de tamanha crueldade. Então, olhei os olhos e sorri. Um sorriso triste, talvez não devesse ter sorrido, parece-me agora inoportuno e desumano. Deveria ter abraço seu pequeno corpo. Por fim acho que me acovardei, fazendo daquele sorriso uma pequena catarse, sim! agora fiz minha parte, que parte? Que tristeza. E sensação de impotência perante esse mundo. E assim aqui escrevendo essa tristeza, penso em quão estúpida ela pode ser, se eu me sinto impotente imagina aquela criança, o que ela sente e apaga...
Daí ouvi uma daquelas excelentes considerações do senso comum, de um ocupante da mesa, vestido com um terno barato, um sapato caro e carregando um celular de ultima geração: o pai que faz isso deveria ser preso! BRILHANTE! Pobreza nesse país é mesmo caso de polícia. E nós? Aqui com nossas vida pequeno burguesas. Da vontade de sentar na mesa e dizer: olha meu filho, é cruel, esse pai realmente deveria ser educado, visto como uma pessoas, deveria não reproduzis o ciclo de crueldades, mas me diz qual é a condição objetiva que essa criatura tem? Você já não teve o que comer um dia? Você foi sistematicamente humilhado durante a vida toda em razão da sua classe ou cor ou vestimentas?.... Um discurso, mas só um discurso. É fácil sentir esse tipo de revolta, devotar a ira para aquele homem medíocre como somos em geral. É fácil também fechar os olhos para essa menina. E outras meninas e outros meninos e outros homens e outras mulheres... É fácil! Mas olhá-los e fazer da tristeza, desse sentimento de mundo drumondiano, uma espécie de catarse também é fácil. Olha, quando digo, não quero desrespeitar a subjetividade de ninguém, sinceramente, as vezes mesmo com esse sentimento não somo aptos a fazer alguma coisa, mudar alguma coisa no mundo externo. Tenho usado essa metáfora repetidamente em conversas com amigos e agora escrevo. Tomei o comprimido vermelho, quem me dera ter tomado o azul... Agora é isso, essa sensação, esse eterno e irremediável doer, diante da racionalidade moderna, diante do mundo, diante de mim mesma, diante de tantos inumeráveis absurdos congénitos, que nasceram com essa merda de concepção de Estado, Economia, Sociedade, Subjetividade...Blá blá blá...
E as vezes, muitas vezes, dá uma vontade de desaparecer, uma vontade de desligar por 5 minutos, 5 míseros minutos da consciência de sabe vivo nesse mundo. E as vezes, várias vezes, dá uma angústia sem tamanho, imaginar o futuro, fazer planos sejam quais forem. E as vezes, dá vontade de largar tudo e se jogar na vida sem nada. Sem todas essas coisas, objetos, sem nada...
Mas daí, eu penso qual o meu direito real de fazer isso? E o sentimento de responsabilidade para com o mundo me vem e penso que só tenho o direito real de ser feliz com as minhas dores, veja bem, como se esconder atrás delas, se vemos e sentimos somos responsavéis, não mudaremos o mundo, mas podemos ao menos tentar e sem grandes planos mirabolantes ou gigantescos, um passo de cada vez no cotidiano. Sem virar as costas... Aceita os pesares, como diz uma sábia amiga, cada um tem a caçamba do caminhão do tamanho que aguenta. Desabafo. Porque acabei de me lembrar da menina, quando via um vídeo de violência policial, social....
Se meus pés são esses, aceito-os e caminho com eles e aconselho que façam o mesmo, os que tomaram a pílula vermelha. Ser feliz é um dom raro e eu garanto queridas e queridos ele vem junto na pílula com as tormentas e olhos doidos e doídos...
Aos que tem fome
Antes de mais nada ouvirão dizer
Que se acalmem ele vem logo, logo
Para alimentá-los.
Depois, de algum tempo perguntarão
De que é a fome que tem vocês?
Vocês responderão:
De comida, mas não só, de
Luz e música,
De encenações em palcos,
De danças da meia-noite.
Eles anotarão tudo, indiferentes ao conteúdo,
E dirão, logo logo viremos alimentá-los.
E alguns meses, voltarão:
Com cavalarias e tropas.
E dirão quase que gritando,
Que vocês devem deixar esse pedaço de chão.
Vocês se levantarão atordoados.
Pensando na ruindade do homem.
Suas casas serão derrubadas,
Seus filhos machucados,
Suas infimas e desejosas
Crenças em um futuro
Distante, creio que se irão.
Que se acalmem ele vem logo, logo
Para alimentá-los.
Depois, de algum tempo perguntarão
De que é a fome que tem vocês?
Vocês responderão:
De comida, mas não só, de
Luz e música,
De encenações em palcos,
De danças da meia-noite.
Eles anotarão tudo, indiferentes ao conteúdo,
E dirão, logo logo viremos alimentá-los.
E alguns meses, voltarão:
Com cavalarias e tropas.
E dirão quase que gritando,
Que vocês devem deixar esse pedaço de chão.
Vocês se levantarão atordoados.
Pensando na ruindade do homem.
Suas casas serão derrubadas,
Seus filhos machucados,
Suas infimas e desejosas
Crenças em um futuro
Distante, creio que se irão.
Soluços
(Prece feita por duas criaturas que estão no escuro)
Não te desesperes.
Por que não?
Tudo está seco, eu sei. Mas tudo pode ser
Úmido. Toca meu ventre, vês?
Está úmido de ti.
Se houver vida é morte, se não houver, é nada.
De que adianta? Passa!
Olha, não posso te dar vida, posso dizer que
Sei transitar entre a vida maravilhada e a morte mais profunda.
Se queres vem comigo, porque sou de partida.
Não há luz.
Quem precisa dela?
Não há caminhos.
Trouxemos os nossos pés.
Não há...
Shihhh....
Não te desesperes.
Por que não?
Tudo está seco, eu sei. Mas tudo pode ser
Úmido. Toca meu ventre, vês?
Está úmido de ti.
Se houver vida é morte, se não houver, é nada.
De que adianta? Passa!
Olha, não posso te dar vida, posso dizer que
Sei transitar entre a vida maravilhada e a morte mais profunda.
Se queres vem comigo, porque sou de partida.
Não há luz.
Quem precisa dela?
Não há caminhos.
Trouxemos os nossos pés.
Não há...
Shihhh....
Nostalgia Gratuita
Não sei, esses dias tenho tido essa saudade doída de tempos passados. Não é uma negação do presente ou do futuro, é uma espécie de reconhecimento como se revisse os dias e noites passados, os amores, os amigos que se perderam nas bifurcações da estrada e aqueles seres que se encontram novamente ao meu lado para podermos sentar e lembrar, juntos, rindo da vida como ela era, rindo da vida como ela é, planejando, por fim, novos futuros, diferentes dos planejados anteriormente. Tanto que pode ser dito, desdito, redito e essa coisa no peito. Que na mesma medida que preenche, esvazia o peito. Porque nostalgia e saudade não tem razão de ser racionalmente, se aproximam muito do amor nesse sentido. Alegrias, tristezas, raivas parecem, a princípio mais localizáveis por dentro. Mas saudade... Conheço a causa: a ausência física. Tenho saudade daquilo que não posso ver nem tocar agora, a não ser com a memória, sempre duvidosa. É isso. Mas daí, olho o mundo ao lado, continua, em termos, o mesmo! Podemos criar novos espaços, mesmo que seja difícil e uma batalha constante. Podemos esperar, planejar, construir, transformar... mas nada disso, aplaca essa coisa no peito, que chamamos saudade. Um jeito luso de dizer o que sentimos. I miss you, não é necessariamente um vocábulo, mas exprime algo, acho até bonito, mas saudade (Ah!), essa parece que vai fundo e revolta por dentro e saí assim na forma de longos suspiros. O mais estranho, que sinto em relação a memória que causa saudade, é que quando lembramos, é como se todo o tempo que vivemos coubesse dentro do peito. Mas, o tempo em que vivemos o passado lá ficou quieto e nunca poderemos estar de novo. O que vai e volta é a memória e nada mais. Não sei parece óbvio, mas é algo assustador, para mim, pensar que o tempo que vivi (que já é muito mais do que consigo conceber racionalmente), cabe dentro do agora, através de uma imagem saudosa ou de um cheiro guardado nas roupas, nos lençóis e por incrível que pareça na memória. Já esteve com tanta saudade de alguém que sentiu o cheiro da pessoa ou de uma situação no ar como uma materialização do que sentimos? Alguns dirão sobre o espaço, o infinito, a metafisica, a religião, os vários caminhos cerebrais possíveis, mas isso não explica compreende? Não explica da maneira como estamos condicionados a receber explicações... entende? Acho que estou sendo confusa e óbvia. A obviedade sempre me causou espanto, mas pode ser que se perca a poesia e o porque de escrever quando se escreve sobre o óbvio.
Enfim, estou com essa sensação de nostalgia, saudade gratuita, ao mesmo tempo não desejo voltar no tempo, fazer firula, gosto do tempo que vivo, gosto do meu agora pessoas, não idolátro o passado, só me deixa extremamente curiosa a forma como pensamos memórias e o reconstruímos, concomitantemente com fato de que o transformamos em agora, o agora saudade!
Racionalmente poderia deixar para lá, não me preocupar, mas o absurdo dessa coisa toda me bate na cara e quando olho uma foto de quando eu tinha, sei lá 4 meses de idade, sorrindo com os mesmo olhos. Me pergunto onde foi que estou diferente, se o sorriso e os olhos são os mesmo... chego a conclusão que o tempo que passou, vive por dentro, mas como se estamos condicionados a separar, classificar... como?
Voz baixa
Minha voz está baixa,
Quase inaudível,
Quando te falo ao pé do ouvido.
Minha voz sussurra,
Se mais alta não caberia.
Seus ouvidos não comportariam.
Minha voz cala,
Quando decido dizer com o
Corpo, o quanto te desejo.
Ah, essa minha voz, se procura por dentro
E vem.
Quase inaudível,
Quando te falo ao pé do ouvido.
Minha voz sussurra,
Se mais alta não caberia.
Seus ouvidos não comportariam.
Minha voz cala,
Quando decido dizer com o
Corpo, o quanto te desejo.
Ah, essa minha voz, se procura por dentro
E vem.
Planícies
Quando tinha uns 14 anos, no meio de uma das minhas crises relacionadas ao fato de que eu existo. Minha mãe, me disse, algo mais ou menos assim, já que da memória se deve duvidar: Olha filha, nessa fase da vida você tem muitos horizontes abertos, muitas portas, muitas pessoas, mas saiba que um dia isso acaba e o que fica são as vivências, então aproveite essas portas e janelas e viva, para de sofrer.
Eu fiquei maluca com aquilo, na época tinha um diário, e escrevi em cada página, num misto de revolta e temor dos abismos da vida: Não fechar os horizontes nunca. 365 vezes eu escrevi.
Hoje, vejo que essa tarefa eu cumpri. Meus horizontes estão abertos e as possibilidades de vida continuam tão inimaginavelmente grandes e belas. Fixei meus olhos no horizonte, longe, fundo, intransponível. O que me esqueci, creio que minha mãe se esqueceu, na época, também. Foram dos pés.
Os pés criam raízes sem nos consultar e se não prestamos atenção neles, é perigoso que estejamos presos em pouco tempo. Não falo do solo exterior a própria consciência, mas de outro solo aquele sobre qual nos construímos internamente. Como um pedaço de solo que carregamos conosco, não sei se viram, no filme Love and Death do Woody Allen, o pai do personagem principal, Boris, carrega um pedaço de terra que ele diz ser a terra dele. É realmente um quadrado de terra com grama sobre ele.
Acho que o solo sobre qual nos fundamos é um pouco mais extenso, penso numa planície, mas pode ser um morro, uma montanha, a beira-mar tanto faz em realidade como nos enxergamos por dentro nesse sentido. Os nossos pés fincam raízes em nós. São extremamente ardilosos, nos iludem com a sensação de mudança, iludem nosso coração de ânsias e desejos com falsos passos. É difícil perceber quando é real, quando é miragem. O fato é que eu, porque aqui falo de mim, fique lá, fixa no horizonte, me esqueci dos pés e hoje me dei conta de quão fincados eles estão em mim. Fincados nos velhos sonhos, fincados na ilusão da constância, fincados na luminosidade do encanto de encontros. Meu corpo, minhas percepções vagueiam pelo mundo, encontro a quem amar e pessoas que me amam, posso estar amanhã no Alaska. Mas há algo que aprisiona, porque, afinal, não fugimos de nós mesmo. Estamos estacados em nossas raízes, em nossas planícies, em nossas histórias e acima de tudo nessa nossa ciência de existir, de saber ser vivente, fixados em nosso tempo, com as percepções tão pequeno burguesas que nos rodeiam, ou melhor que me rodeiam (nem todos estão rodeado dela). De alguma forma não consigo deixar de pensar que essa é uma tristeza que nem todos podem sentir, é uma tristeza de classe. Por outro lado, creio que tristeza seja simplesmente tristeza, é a mesma tristeza, a percepção e reação de nosso pés é que é outra.
Ao fim, vá chega de fim (mesmo que não considere uma má idéia acabar, é inevitável, enquanto ser existente sou extremamente grata, mas não vejo problema no fim), ao começo, como ia dizendo, somos nossos pés. São eles que nos levam para cima e para baixo, são eles que nos colocam no mundo. São eles que criam a concretude, já que é com eles que damos os passos. Esse é o problema de se manter fincado nas terras de dentro, se ficamos sempre no mesmo lugar de nós mesmo, como nos enxegar de outra forma que não essa a que nos habituamos e nos é familiar, como olhar para você de outros ângulos, de outras perspectivas, de outras fontes mesmo que sejam outras ilusões.
O problemas das raízes fixadoras é que elas não crescem dos pés elas vem do chão, e se infiltram na sola dos pés, eles permitem, cansam-se dos passos e caminhos. Assim, sem delongas, para dar o próximo passo é preciso cortar a sola dos pés. E sangrar (dramático não?), sair andando em si mesmo, pode ser um caminho sem volta, todos somos labirintos.
Por um tempo haverá rastros e se você se acovardar pode voltar e ficar no conforto de ser você, daquela maneira mesma para sempre, mas depois de algum tempo de caminhada, não há mais caminho de volta e é preciso seguir. Se acalmem, não proponho que cortemos nossas raízes, elas continuaram em nós sempre, nos acompanhando para qualquer lugar que seja, mas que cortemos a sola dos pés, para podermos caminhar por dentro, da mesma forma que caminhamos por fora. É triste que não possamos encontrarmos em nós mesmo, unicamente justificando que estamos presos a nossas crenças por vezes mortas, novas formas de ser. Talvez os homens que cortaram as solas dos pés sejam aqueles que viveram no Absurdo (de Camus), ou melhor com consciência dele, talvez, não sei. Mas, se não o fizermos, meus queridos, será sempre preciso imaginar Sísifo feliz, será sempre preciso que nos imaginemos felizes em nossa pequenas mediocridades e grandezas forjadas diárias. É um caminho, sem dúvida, só não é o caminho que quero para mim. Até logo menos, meus amados, meus não amados. Vou buscar a tesoura de poda!
Aos loucos
Saibam, todos vocês que de louco nada tem
O álcool, os alucinógenos, os relaxantes, os acelerantes.
Nada tem em si de loucos.
A filosofia, as artes, as canções nada tem em
Si de loucos.
De que adianta, queridos, anjos decaídos
Se a música é boa, mas o ouvido ruim,
Se o álcool é de qualidade, mas o estômago ruim,
Se as artes são as melhores, se os olhos procuram por algo específico,
Como um cavalo com freio.
De que adianta se dizer louco, liberto,
Se a moral mora, na casa de dentro,
Se a liberdade do outro é castrada todo dia,
Mesmo sem querer, sem querer é desculpa de criança ranheta,
Mal criada diriam os antigos.
Quero um novo termo, para dizer o que penso,
Uma nova palavra, poderia ser,
Libertouco, ou
Loucatário, ou
Não sei.
Só sei que, é preciso reinventar o louco.
Um pouco, assim, mais despretensioso.
Que saiba ter em si, uma loucura que não aprisiona,
Que nos torna melhores,
Que traz consigo as melhores coisas, as melhores
Possiveis consequências.
Nada de dizer que ama e deprimir o outro,
Nada de fazer, dizer que pode e reprimir o outro,
Nada de estar aqui, e ali e dizer a si mesmo que
Estamos fadados ao fracasso dessa maneira.
Nada de loucuras que não sejam libertação.
(Desabafo não muito poético, eu diria, sobre a mediocridade que nos assola, em que tudo se torna fim para o próprio prazer, seja ele qual for.)
O álcool, os alucinógenos, os relaxantes, os acelerantes.
Nada tem em si de loucos.
A filosofia, as artes, as canções nada tem em
Si de loucos.
De que adianta, queridos, anjos decaídos
Se a música é boa, mas o ouvido ruim,
Se o álcool é de qualidade, mas o estômago ruim,
Se as artes são as melhores, se os olhos procuram por algo específico,
Como um cavalo com freio.
De que adianta se dizer louco, liberto,
Se a moral mora, na casa de dentro,
Se a liberdade do outro é castrada todo dia,
Mesmo sem querer, sem querer é desculpa de criança ranheta,
Mal criada diriam os antigos.
Quero um novo termo, para dizer o que penso,
Uma nova palavra, poderia ser,
Libertouco, ou
Loucatário, ou
Não sei.
Só sei que, é preciso reinventar o louco.
Um pouco, assim, mais despretensioso.
Que saiba ter em si, uma loucura que não aprisiona,
Que nos torna melhores,
Que traz consigo as melhores coisas, as melhores
Possiveis consequências.
Nada de dizer que ama e deprimir o outro,
Nada de fazer, dizer que pode e reprimir o outro,
Nada de estar aqui, e ali e dizer a si mesmo que
Estamos fadados ao fracasso dessa maneira.
Nada de loucuras que não sejam libertação.
(Desabafo não muito poético, eu diria, sobre a mediocridade que nos assola, em que tudo se torna fim para o próprio prazer, seja ele qual for.)
Eu te amo e por isso digo
Todos esses homens e mulheres
Querem pedaços de você meu amor.
Eles te veêm brilhante, radiante e doce.
Ah essa sua doçura, de selvagem aprisionada,
É um êxtase, para quem é civilizado e acredita em contos de fada.
Todos eles acreditam, no teu conto, que não é de fada
É a vida, em suas possibilidades vivida.
Estão vazios e se preenchem de você meu amor.
Aprisionam a sua doçura, a sua liberdade,
Com medo de que você se vá,
Como sei que você é de partida.
Talvez te queiram mesmo mesmo aos pedaços,
Cada com sua parte.
Mas e você meu amor?
Onde fica? Carregará até quando esses homens e mulheres?
Saiba, que minha parte de você é você inteira,
Na sua selvageria, na sua liberdade,
Seja Itália, China, Brasil, seja
Onde for, quero você inteira, não para mim,
Para você!
Não meu amor, não é de propósito ou maldade a vista,
É só, uma solidão, que creia não é sua.
Cada um carrega o que tem carregar.
E
Saiba: eu te amo.
Querem pedaços de você meu amor.
Eles te veêm brilhante, radiante e doce.
Ah essa sua doçura, de selvagem aprisionada,
É um êxtase, para quem é civilizado e acredita em contos de fada.
Todos eles acreditam, no teu conto, que não é de fada
É a vida, em suas possibilidades vivida.
Estão vazios e se preenchem de você meu amor.
Aprisionam a sua doçura, a sua liberdade,
Com medo de que você se vá,
Como sei que você é de partida.
Talvez te queiram mesmo mesmo aos pedaços,
Cada com sua parte.
Mas e você meu amor?
Onde fica? Carregará até quando esses homens e mulheres?
Saiba, que minha parte de você é você inteira,
Na sua selvageria, na sua liberdade,
Seja Itália, China, Brasil, seja
Onde for, quero você inteira, não para mim,
Para você!
Não meu amor, não é de propósito ou maldade a vista,
É só, uma solidão, que creia não é sua.
Cada um carrega o que tem carregar.
E
Saiba: eu te amo.
Apelo a Deus (sobre o absurdo)
(Apelo feito a imagem de Deus, um homem sentado no céu, como nos ensinam os cristãos)
Deus me dê essa fé indiscutível na vida.
Essa capacidade de amar, esse frio que é
Quente por dentro.
Deus perdoe essa menina pequena
Nos gestos e nas paradas.
Perdoe esse mal incerto de
Sempre perceber-se como
Vivente, de doer com o mundo.
Perdoe esses amores profundos,
Esses vícios contínuos, essa fala
Calada na noite.
Deus! Faça-me segura de minhas
Mãos e barriga.
Traga-me os pedaços dos dias com cores
Tantas que me aparvalhem em debilidades.
Como se fosse feita do inexcusável, imperdoavelmente
Lúcida da própria solidão.
Faço, o apelo perante você,
Pois, sei que seu silêncio é inevitavél,
E por dentro me grito, para não me ouvir.
26/07/2010
(Poema encontrado em papéis já esquecidos)
Deus me dê essa fé indiscutível na vida.
Essa capacidade de amar, esse frio que é
Quente por dentro.
Deus perdoe essa menina pequena
Nos gestos e nas paradas.
Perdoe esse mal incerto de
Sempre perceber-se como
Vivente, de doer com o mundo.
Perdoe esses amores profundos,
Esses vícios contínuos, essa fala
Calada na noite.
Deus! Faça-me segura de minhas
Mãos e barriga.
Traga-me os pedaços dos dias com cores
Tantas que me aparvalhem em debilidades.
Como se fosse feita do inexcusável, imperdoavelmente
Lúcida da própria solidão.
Faço, o apelo perante você,
Pois, sei que seu silêncio é inevitavél,
E por dentro me grito, para não me ouvir.
26/07/2010
(Poema encontrado em papéis já esquecidos)
Mel, ancas e colírio
Deliro. Casta e entumecida.
Meio de céu.
De dia sou eu.
De noite, mazelas, amores.
Com luz me encanto,
Penumbra ponho-me nua.
Escuridão adormeço segurando teu corpo,
Colado ao meu.
Aspirando,
Respirando,
Deglutindo-me.
Meio de céu.
De dia sou eu.
De noite, mazelas, amores.
Com luz me encanto,
Penumbra ponho-me nua.
Escuridão adormeço segurando teu corpo,
Colado ao meu.
Aspirando,
Respirando,
Deglutindo-me.
Em memória
Em sua memória me calo,
Não digo que sim nem que não.
Tendo, uma vez calado,
Gostei do silêncio.
Acostumei-me a ele.
Se declaro, me acabo,
Caída em tuas artimanhas.
Incerta. Pura, clareza de que desde que me
Veio, acabou comigo.
Não digo que sim nem que não.
Tendo, uma vez calado,
Gostei do silêncio.
Acostumei-me a ele.
Se declaro, me acabo,
Caída em tuas artimanhas.
Incerta. Pura, clareza de que desde que me
Veio, acabou comigo.
Delírio de inverno
Sinto que me diz:
Sou de rompantes.
Chamem homens e mulheres,
Toquem tambores.
Ventania e cavalgada.
Sou em mim,
Selvagem
Aprisionada.
Farto-me a largas garfadas.
Nada é pequeno se não for infino
Tudo que é grande é enorme.
Tendo me apaixonado pela vida
Esvaio-me em suas possibilidades.
E me sobro, aqui, enclausurada de
Doer e de deliciar.
(Sobre a moça que mora comigo)
Sou de rompantes.
Chamem homens e mulheres,
Toquem tambores.
Ventania e cavalgada.
Sou em mim,
Selvagem
Aprisionada.
Farto-me a largas garfadas.
Nada é pequeno se não for infino
Tudo que é grande é enorme.
Tendo me apaixonado pela vida
Esvaio-me em suas possibilidades.
E me sobro, aqui, enclausurada de
Doer e de deliciar.
(Sobre a moça que mora comigo)
Miríades
Mucama de olhos gastos,
Invencível, vem me levar para o mar.
Razoável que me leves se te peço, sem ordenar
Invisível de mim mesma.
Água insolúvel de minhas notas mentais. O
Desdenho em que me olhas
Encostada na minha mão, tua mão sabe que eu não
Sei o caminho para chegar ao mar ou voltar a montanha.
Invencível, vem me levar para o mar.
Razoável que me leves se te peço, sem ordenar
Invisível de mim mesma.
Água insolúvel de minhas notas mentais. O
Desdenho em que me olhas
Encostada na minha mão, tua mão sabe que eu não
Sei o caminho para chegar ao mar ou voltar a montanha.
Se esvai
Se vais por essas paragens,
Não me digas.
Não me chames.
Se vai por essas paragens não me olhe
E se esvais de uma vez.
Convite
Não me convide despretensiosamente para te ver na meia luz
Dos seus dias cálidos e tristes.
Fora um pouco empírico,
Um pouco racional,
Metade de um copo, cheio de água
É meu, a outra não respondo.
Não me pergunte, pessoa,
Se pode deitar-se em minha cama,
Síntese poderosa.
Vamos lá, não seja de sínteses (sintético).
Ainda te conto, onde é que está a memória.
Te faço convites e o mundo me responde, sabendo que
Tua boca me desmente em mim.
Dos seus dias cálidos e tristes.
Fora um pouco empírico,
Um pouco racional,
Metade de um copo, cheio de água
É meu, a outra não respondo.
Não me pergunte, pessoa,
Se pode deitar-se em minha cama,
Síntese poderosa.
Vamos lá, não seja de sínteses (sintético).
Ainda te conto, onde é que está a memória.
Te faço convites e o mundo me responde, sabendo que
Tua boca me desmente em mim.
Você não obriga um gato a ficar no seu colo
Oberva-me ali, você de pele a mostra e olhos... ah os olhos são os olhos.
Boca a deriva, deixada aqui ao alcance das palavras
Saborosas aos ouvidos,
Encabuladas no caminho que vão por dentro.
Reflito-me, refugiada de guerras e com delicias a mão,
Vaidosa do tempo em que me encontro,
Ouço-te,
Toda ouvido e sensações abissais,
E quando cala, gosto de te observar me observando.
Boca a deriva, deixada aqui ao alcance das palavras
Saborosas aos ouvidos,
Encabuladas no caminho que vão por dentro.
Reflito-me, refugiada de guerras e com delicias a mão,
Vaidosa do tempo em que me encontro,
Ouço-te,
Toda ouvido e sensações abissais,
E quando cala, gosto de te observar me observando.
Em cruz ilhada
E se todos as imagens fossem mais que
Nova poeira no horizonte, você poderia
Crer no que te digo agora? Nua, de olhos e boca entreabertos,
Ruidosa. Vaidade pura escorrendo como o tempo:
Ultimato. Você vem? Assim, sem que eu diga nada? Vem ser meu
Zênite? O ponto alto da minha estrada? Vem me
Insultar, me dizer bobagens, pura astúcia
Liquida mesmo, me transformando em transpirações
Habituais do seu desejo?
Ah, cale-se, mude-se, vai-se com o diabo, ou seduz-me
Derrotada em seus poros, pelos e gozo. E se resisto
Agarra-me, obriga-me, faz-me dócil e adormece comigo.
Nova poeira no horizonte, você poderia
Crer no que te digo agora? Nua, de olhos e boca entreabertos,
Ruidosa. Vaidade pura escorrendo como o tempo:
Ultimato. Você vem? Assim, sem que eu diga nada? Vem ser meu
Zênite? O ponto alto da minha estrada? Vem me
Insultar, me dizer bobagens, pura astúcia
Liquida mesmo, me transformando em transpirações
Habituais do seu desejo?
Ah, cale-se, mude-se, vai-se com o diabo, ou seduz-me
Derrotada em seus poros, pelos e gozo. E se resisto
Agarra-me, obriga-me, faz-me dócil e adormece comigo.
Dez Milhões
Claro. Se me olho no espelho por cada passo?
Os tenho por toda casa!
E nunca deixo de usá-los para
Medir o tamanho dos passos e dos
Precipicios.
Negro. Nego. Não sou de amores vãos.
Mas, não espero que o tempo passe para
Descobrir que os relógios nos mudam
Por fora e por dentro.
Penumbra. Não sou das margens em mim.
Gosto das minhas correntezas.
Do olho do furacão.
E do eterno desfazer-me.
Digo pois, sem promessas pequenas.
Sem promessas grandes.
Quando abro a porta. Não trouxe nem a chave para trancar
Você para dentro e nem para fora.
Os tenho por toda casa!
E nunca deixo de usá-los para
Medir o tamanho dos passos e dos
Precipicios.
Negro. Nego. Não sou de amores vãos.
Mas, não espero que o tempo passe para
Descobrir que os relógios nos mudam
Por fora e por dentro.
Penumbra. Não sou das margens em mim.
Gosto das minhas correntezas.
Do olho do furacão.
E do eterno desfazer-me.
Digo pois, sem promessas pequenas.
Sem promessas grandes.
Quando abro a porta. Não trouxe nem a chave para trancar
Você para dentro e nem para fora.
Nascer do Sol
Pelo precipício da alvorada,
Visto de um espelho quebrado,
Há uma mão sobre minha pele.
Que mesmo não conhecendo as sensações
Viaja sem medo e pudor sobre mim.
Eu?
Viajo de volta.
Visto de um espelho quebrado,
Há uma mão sobre minha pele.
Que mesmo não conhecendo as sensações
Viaja sem medo e pudor sobre mim.
Eu?
Viajo de volta.
Selvagem
Os sucos escorreram pelas peles
Dormentes.
Os sexos ficaram avermelhados de tanto
Furor.
As bocas esfoladas dos beijos e mais beijos
Em todos os pedaços expostos ou não de pele.
Cala as palavras, que prefiro os suspiros entrecortados
E os gemidos sussurrados.
Fartos!
Estamos fartos da geleira siberiana do sexo mecânico.
Preferível que seja selvagem,
Doido de êxtases delirantes
Palpitante.
Fartos!
Dos olhos por dentro serem de pedra bruta
Dos meios de sentir só um pouco, mas não tudo
De nunca permitir que sua pele entre por baixo da minha
E minha por baixo da sua.
Temos abismos que nos dizem que isso
É se prender, ter responsabilidades.
Estamos loucos para culpar o outro
Para deixar o outro nos desejando
Para aprisionar o outro em nós mesmo
Deixando que eles nos sejam
Fartos!
Da pequenez dos dias,
Da pequenez dos medos,
Da pequenez dos sonhos
Vestido sempre pra missa de domingo,
Sempre com os olhos baixos diante da autoridade
Dos sábios que habitam as Telecomunicações.
Fartos!
Do inumano.
Do desumano.
Da desumanidade.
Do não-humano.
Desejamos, sem nuca saber o que
Sem nunca Assumir o que.
Ou quando.
Queremos que possamos entrar
Dentro de nós mesmo, botar tudo abaixo
E reconstruir com o gosto de próprio sangue e dos próprios restos
A nossa selvageria.
Dormentes.
Os sexos ficaram avermelhados de tanto
Furor.
As bocas esfoladas dos beijos e mais beijos
Em todos os pedaços expostos ou não de pele.
Cala as palavras, que prefiro os suspiros entrecortados
E os gemidos sussurrados.
Fartos!
Estamos fartos da geleira siberiana do sexo mecânico.
Preferível que seja selvagem,
Doido de êxtases delirantes
Palpitante.
Fartos!
Dos olhos por dentro serem de pedra bruta
Dos meios de sentir só um pouco, mas não tudo
De nunca permitir que sua pele entre por baixo da minha
E minha por baixo da sua.
Temos abismos que nos dizem que isso
É se prender, ter responsabilidades.
Estamos loucos para culpar o outro
Para deixar o outro nos desejando
Para aprisionar o outro em nós mesmo
Deixando que eles nos sejam
Fartos!
Da pequenez dos dias,
Da pequenez dos medos,
Da pequenez dos sonhos
Vestido sempre pra missa de domingo,
Sempre com os olhos baixos diante da autoridade
Dos sábios que habitam as Telecomunicações.
Fartos!
Do inumano.
Do desumano.
Da desumanidade.
Do não-humano.
Desejamos, sem nuca saber o que
Sem nunca Assumir o que.
Ou quando.
Queremos que possamos entrar
Dentro de nós mesmo, botar tudo abaixo
E reconstruir com o gosto de próprio sangue e dos próprios restos
A nossa selvageria.
Mãos
Olha ali moça!
Olha!
Olha?!?
As correntes levam e aprisonam.
Nos rios dos olhos não há escapatória,
Nem salvação.
Olha ali!
Escondida entre as folhas uma criança,
Seus olhos são selvagens.
Ela destila o ódio em suas entranhas pequenas.
Olha...
Não! Tenho medo.
De esquecer, de colocar fogo na minha cabeça
De queimar as lembranças e os miolos.
A madrugada me envolve com cheiro de peixe
Podre.
E mãos não esquentam.
Mas olha li moça.
E se tiver que ir por aquele caminho?
E se tiver que engolir seco e não chorar?
E se tiver que amar de novo?
Olha.
Já amo.
E o tempo que atiçou o fogo,
Há de um dia apagá-lo.
Olha!
Olha?!?
As correntes levam e aprisonam.
Nos rios dos olhos não há escapatória,
Nem salvação.
Olha ali!
Escondida entre as folhas uma criança,
Seus olhos são selvagens.
Ela destila o ódio em suas entranhas pequenas.
Olha...
Não! Tenho medo.
De esquecer, de colocar fogo na minha cabeça
De queimar as lembranças e os miolos.
A madrugada me envolve com cheiro de peixe
Podre.
E mãos não esquentam.
Mas olha li moça.
E se tiver que ir por aquele caminho?
E se tiver que engolir seco e não chorar?
E se tiver que amar de novo?
Olha.
Já amo.
E o tempo que atiçou o fogo,
Há de um dia apagá-lo.
Quando
Me diz quando e
Onde?
Explica esse ardor no meio da boca?
Um gato preto, uma coruja de olhos amarelos
Na minha janela.
Uma vela acesa,
Um medo sem fim...
Passos lentos e novos
Renascer das cinzas e do fogo...
Fogueira de uma noite apenas.
Anos,
Vezes, as vezes
Lamento na noite
Gemidos de prazer
Sol no céu,
Barulho
Passado
Azedume
Bem que sabia que a fruta
Azeda!
Que seja,
Por nunca mais
Por sempre
Desfaz o agora?
Onde?
Explica esse ardor no meio da boca?
Um gato preto, uma coruja de olhos amarelos
Na minha janela.
Uma vela acesa,
Um medo sem fim...
Passos lentos e novos
Renascer das cinzas e do fogo...
Fogueira de uma noite apenas.
Anos,
Vezes, as vezes
Lamento na noite
Gemidos de prazer
Sol no céu,
Barulho
Passado
Azedume
Bem que sabia que a fruta
Azeda!
Que seja,
Por nunca mais
Por sempre
Desfaz o agora?
Amanhã
Amanhã teremos tempo, bons amigos,
Boa comida, bons amores e paz.
Amanhã seremos livres de nossos medos,
Das travas morais, dos olhares de reprovação.
Amanhã os dias serão de clima ameno,
Nem quentes, nem gelados, a chuva cairá na hora certa
E o sol não nos causará câncer.
Amanhã os gatos todos serão pardos, o amor, ali de cima,
Livre e nossos corpos beberão de outros com profundidade
E calma.
Amanhã não teremos propriedade privada, nem coletiva,
Viveremos sem propriedade e a medida de tudo será a
Afetividade.
Amanhã crianças crescerão sem escolas,
Mulheres andarão de madrugada nuas pelas ruas,
Homens estarão em um trabalho reconhecido.
O futuro como tempo real está preso,
O que nos tem em tempo concreto são
Os mesmos passos do sempre.
E os olhos das gentes estão baixos e cegos.
E por isso, amanhã, o dia nascerá pequeno, triste e
Encabulado de nascer.
O Amanhã gestado em gestos diários,
É abortado e vomitado dos corpos doentes,
E as mãos continuam tateando no escuro e cavando
Cavando Cavando Cavando...
E aqui e ali acham:
Peças do mosaico da vida.
Mira A. Diniz
Boa comida, bons amores e paz.
Amanhã seremos livres de nossos medos,
Das travas morais, dos olhares de reprovação.
Amanhã os dias serão de clima ameno,
Nem quentes, nem gelados, a chuva cairá na hora certa
E o sol não nos causará câncer.
Amanhã os gatos todos serão pardos, o amor, ali de cima,
Livre e nossos corpos beberão de outros com profundidade
E calma.
Amanhã não teremos propriedade privada, nem coletiva,
Viveremos sem propriedade e a medida de tudo será a
Afetividade.
Amanhã crianças crescerão sem escolas,
Mulheres andarão de madrugada nuas pelas ruas,
Homens estarão em um trabalho reconhecido.
O futuro como tempo real está preso,
O que nos tem em tempo concreto são
Os mesmos passos do sempre.
E os olhos das gentes estão baixos e cegos.
E por isso, amanhã, o dia nascerá pequeno, triste e
Encabulado de nascer.
O Amanhã gestado em gestos diários,
É abortado e vomitado dos corpos doentes,
E as mãos continuam tateando no escuro e cavando
Cavando Cavando Cavando...
E aqui e ali acham:
Peças do mosaico da vida.
Mira A. Diniz
Gatos Pretos
Tive o azar se experimentar o mundo pelo meio uma vez há tempos atrás. Desde aí, é essa vontade louca de estar em todos os lugares e corpos, não criando relações subjetivamente pobres, mas sentido metade do mundo por dentro e outra metade por fora. E me fundir a tudo que se move e é belo, a tudo que não se move e é belo, a tudo que se move e tem vícios e diversas outras combinações que me cabem bem. Com bom tamanho! Ou até que não me cabem e me tiram as certezas. Não consigo... Simplesmente não consigo dizer com palavras ou gestos ou maneiras suficientes como quero, ou mesmo dizer do desejo de me desfazer em meio a tudo, não numa tentativa de satisfazer meu ego, mas numa tentativa de existir sendo só uma sensação, não sensação que paira na superficie da mediocridade, mas aquela que perfaz todos os espaços e nos enche de qualquer coisa doida, lasciva, sublime, colorida, obcena, sensual, trágica e que explode em tanto que não se pode mais respirar e é quando se respira melhor. Vivo nessa quase nuvem que faço questão de criar ao redor da minha existência e por vezes me pareço com uma criança ingênua cheia de sonhos bobos e até reprováveis, mas não importa muito. O que posso dizer da vida e com a boca cheia é que sou grata, sei que passei por dias terriveis, mas sei também que outras pessoas passaram por dias mais terriveis talvez e sei que tem pessoas que não tem essa percepção da vida de que ela é ou pode ser indescritivelmente indescritivel. Tudo bem. E como ia dizem, sou grata. Encontrei pessoas belas em cada lugar por onde estive, talvez tenha sabido olhar ou trazido elas até mim pela minha ansia. Belas não porque são perfeitas, ou porque eu tenha sido capaz de amá-las sempre, sem reservas e medos ou mesmo que eu tenha conseguido amá-las. Mas belas porque criam lugares ao redor, porque se movimentam no mundo da melhor maneira possível e porque acima de tudo são o que são, mesmo que não sejam o que podem ser ou o que moralmente e humanamente devem ser. Simples sem juízos porque são o que são! Então, amigos, estranhos, amores, amor, você, o meu sincero e mais Sincero possivel obrigada! Desde os desconfortos aos maiores prazeres OBRIGADA.
Subir?
Olá viajante,
Como anda as coisas por aí do outro lado do mundo,
À 7 histórias do centro do mundo?
Saudades, pedi pra que os caminhos se cruzem.
Há tempos não te pergunto resolvi perguntar hoje,
Quando vai subir?
Onde você está?
Que anda fazendo?
Qual é o seu gosto?
A cor dos olhos é a mesma?
E o cheiro da pele?
E os passos?
As dúvidas?
Me Conta?
Eu ando lutando as batalhas que se apresentam na vida,
Criando cores, vivendo dores, amando sem poder
E ao mesmo tempo com a eterna saudade de você,
Com a eterna pergunta,
E o seu poema na gaveta.
Te escrevo cartas e mais cartas
Mentais.
Depois apago e
Me resigno na memória e no passar do tempo.
Na espera de quem vive sem nunca esperar,
E por fim se cala e
Se entrega de peito aberto
Ao mundo que me cabe
Ao suor que me cabe
A quem me cabe.
E você está sempre longe perto.
Na fumaça escorregadia de tempos passados e futuros.
E no presente te carrego: um segredo na noite
Compartilhado sempre a boca pequena.
Mira A. Diniz
Como anda as coisas por aí do outro lado do mundo,
À 7 histórias do centro do mundo?
Saudades, pedi pra que os caminhos se cruzem.
Há tempos não te pergunto resolvi perguntar hoje,
Quando vai subir?
Onde você está?
Que anda fazendo?
Qual é o seu gosto?
A cor dos olhos é a mesma?
E o cheiro da pele?
E os passos?
As dúvidas?
Me Conta?
Eu ando lutando as batalhas que se apresentam na vida,
Criando cores, vivendo dores, amando sem poder
E ao mesmo tempo com a eterna saudade de você,
Com a eterna pergunta,
E o seu poema na gaveta.
Te escrevo cartas e mais cartas
Mentais.
Depois apago e
Me resigno na memória e no passar do tempo.
Na espera de quem vive sem nunca esperar,
E por fim se cala e
Se entrega de peito aberto
Ao mundo que me cabe
Ao suor que me cabe
A quem me cabe.
E você está sempre longe perto.
Na fumaça escorregadia de tempos passados e futuros.
E no presente te carrego: um segredo na noite
Compartilhado sempre a boca pequena.
Mira A. Diniz
Olha as Horas
Mais um dia,
Que seria enfadonho e claustrofóbico
Como todos os dias em que
Nos apersebemos de nossa existência mesquinha
Juntos mas separados da historia de tantos
Surdos e Mudos e de outros
Um pouco mais atententos que
Se perguntam e perguntam aos outros:
Pra onde estamos indo?
O despertador toca pra tudo!
Pra acordar, pra compromissos, pra
Olhar na agenda que divide os dias e noites em
Horas,
Todos com os relógios sincronizados?
Prontos, inicia-se a corrida moderna
E irreal?
Como essa linguagem que não nos diz sobre o outro mas
Que serve pro prático instante em que
Tentamos em vão achar o outro
Os outros, atras de nosso sentimentos
De nossos espelhos sobre o mundo.
Inquietação mas é mais que isso!
É
Maria Bethania profetizando novos mundo
Sartre com a nossa liberdade
José Celso com Baco Dionisio vinho e sexo não
Automático, não vendido.
É.
Picasso e sua Guernica,
Se me permitirem é
Antonio Machado acreditando em
Outro Direito.
É o filosofo campones
Plantando comida que ninguém quer comer
Se for não enlatada.
É
Mira A. Diniz
16/02/2011
Que seria enfadonho e claustrofóbico
Como todos os dias em que
Nos apersebemos de nossa existência mesquinha
Juntos mas separados da historia de tantos
Surdos e Mudos e de outros
Um pouco mais atententos que
Se perguntam e perguntam aos outros:
Pra onde estamos indo?
O despertador toca pra tudo!
Pra acordar, pra compromissos, pra
Olhar na agenda que divide os dias e noites em
Horas,
Todos com os relógios sincronizados?
Prontos, inicia-se a corrida moderna
E irreal?
Como essa linguagem que não nos diz sobre o outro mas
Que serve pro prático instante em que
Tentamos em vão achar o outro
Os outros, atras de nosso sentimentos
De nossos espelhos sobre o mundo.
Inquietação mas é mais que isso!
É
Maria Bethania profetizando novos mundo
Sartre com a nossa liberdade
José Celso com Baco Dionisio vinho e sexo não
Automático, não vendido.
É.
Picasso e sua Guernica,
Se me permitirem é
Antonio Machado acreditando em
Outro Direito.
É o filosofo campones
Plantando comida que ninguém quer comer
Se for não enlatada.
É
Mira A. Diniz
16/02/2011
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