Quando os amigos fazem falta

A saudade bate desatinada,
com pressa de ver para onde vamos.

Conjuntas, grudas nas entranhas uma da outra.

E eles vem, passeando em memórias, junto vem muita
Água que brota da gente.
Os olhos cansados de tela de computador 
De mensagem no celular.

Os ouvidos cansados do silêncio que os
Quilômetros implacáveis impõe. 
Calando pouco a pouco as vozes.

O corpo que sente a falta, 
O riso das piadas internas que não vem,
A leveza dos encontros.

E acima de tudo aquele calor de se saber amada,
Querida e compartilhada.

Tem coisas que custam da gente.

Insensatez

Teu nome no escuro do quarto,
desfaz.
Tua voz no ouvido ensurdecido,
contradiz.

Minha mão não sabe pra onde vai,
lençol abaixo no meio do caminho,
umbigo.
Minha voz ao telefone não quer,
desmente.

Oceano, sem mar,
tantos.
Quilometro abaixo e a cima, sem sede.
Ainda, espera e anda,
atrás, não sei quem vem,
questiona.

Minha solidez busca de volta e refaz,
desdiz de novo a mentira,
desacredito de novo,
jogos de outono.


Pedido a mim mesma

Que eu sempre me lembre do que me trouxe até aqui.
E a gratidão para com a vida seja abundante.
Nunca falte os sonhos e utopias,
A juventude reinventada e a sabedoria serena.
E meu corpo, alma e coração envelheçam com calma.
E a coragem de sentir o mundo e olhar para ele com olhos
Bem abertos esteja presente em cada passo,
Compassado ou não.

Hoje somo todos humanos despidos diante de Pepe Mujica.
Viva Pepe, viva sua coragem, via sua sabedoria, via sua existência!

Toda forma de (des)amor

Metade temor,
Metade esperança.
E outras metades  de todos aqueles
Que desamam.

Todos eles cegos de rancor clamam:
Bicha, viada, sapatão...

E os da Bíblia:
Clama o bom filho que tem nojo
De pau com pau,
De boceta com boceta.
Clama a boa filha que tem asco
De porra,
De de sangue e de pelos.

Fim.



Tudo quanto era gente vinha olhar as horas

Tempos de tormenta, dormente.
Cala filha que a hora tarde e falha,
tarda e falha, tarda e falha.

Locomotiva, locomovida.

Escorregadio.
Desceu do céu, veio passear,
E por onde passava, só passado,
tristeza e fim.

Correndo, corrente de sete ventos.
Sete cores numa ponte,
Escorreu.
E na volta subida, subia.
Lisa, chapada mesmo.

Tremilique,
Tentativa de assassinato suicida,
Nada de morrer de tédio.
Todo dia, tudo quanto era gente ia
Assistir.

Assuntoso, cheio de assunto.
A escalada era mesmo sem escada.
Como que é isso,
Só tinha passagem de ida?

Foi pura sacanagem,
Cansado, olhou-nos.
E se foi.

Num estalo de Dedo.
Dedo com letra maiúscula,
Para não deixar esquecer.



Fim do mundo

E o mundo não acabou.
Na verdade continua o mesmo.
Uma pena.
Podia ter acabado.
Assim, nos poupava um pouco.
Uma pena, verdadeiramente
Uma pena.

Do ato de amar

Tantas saudades,
(Assim no plural)
Habitam cada canto das
E(s)ntranhas memórias.

Tantas músicas, no plural,
Habitando saudades do que
Não me pertence mais.

Tantos passados,
Assados (plural)
No caminho dos pés,
Algumas vezes descalços,
Outras vezes vestidos.

Entre minha morada
E a desses outros,
Tem uma estrada de
Lembranças.
Embrulhadas com um laço!

Finalmente,
Todos esses outros,
Me Compõe
Numa melodia.

Cantamos! Cantadores.
Tecendo, sempre tecendo.