Elogio ao tempo

Há tempos não
Podia sentir tão desregradamente.
Tão livre o frio da espinha.

Há tempos não me era
Permitido esse longo mergulho
No mar.
Fundindo-me como se fosse
Feita do azul que fica no horizonte.

Há tempos não sentia o céu,
Meu teto mais preciso,
E no calor um lugar bom de se encontrar.

Há tempos o mundo não
Presenteava, não tornava
Quase que orgânica essa coisa
De sentir-se no outro que se sente em mim.

Há tempos a queda não era tão longa,
E o flutuar tão leve.
E as palavras tão precisas.

Há tempos...
Por isso, faço aqui um agradecimento
Público ao tempo em que estou contida.
Agradeço aos caminhos de agora e aos caminhos
Futuros, mesmo que se distanciem,
Terão neles esse paladar contido no
Gosto do amanhã.

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