Tem dias que eu acordo e me vem aquela música na cabeça. Eu ouvi com o Chico, não sei quem escreveu, começa assim: "Tem dias que a gente se sente como quem partiu ou morreu. A gente estancou de repente ou foi o mundo então que cresceu." E daí está feito. É esse sentimento de mundo, de carregar a dor do mundo. Há quem diga que é simples dizer isso, sentada na minha casa confortável, no meu notebook e alimentada. Podem dizer, não nego a minha condição de classe, nem pretendo, calma não pretendo negar no sentido de que sim minha família hoje é classe média. Não do lado do meu pai, que no entendimento médio, não tem onde cair morto. Tem sua riqueza e sua crueldade viver ainda num lugar que não tem internet, em que se depende da "vontade da natureza" para que as coisas nasçam, que se coma no café da manhã, quando não tem pão, café com farinha, farinha de milho, porque sustenta, que ainda se vá de cavalo levar gado para outros lugares, enfim uma mistura de séc. passado com uma modernidade capciosa, malvada, cruel (por escolha!) que expulsa os jovens do lugar sem se darem conta de quem são e os jogam na avalanche das cidades. A televisão lhes vendeu com muito sucesso o mito to trabalho honesto para enriquecer. E se vão em avalanches... Talvez imaginando "A gente quer ter voz ativa e do nosso destino cuidar..." esquecendo-se do "mais eis que chega roda viva e leva o destino pra lá."
Sem melindros, não estou reclamando, só constatando. Sou do grupo dos que tem mais sensibilidade do que é confortável, um dom amaldicioado pela modernidade. Perdi o fio da meada, mas fica ai. Para concluir: "Em tempo de terra arrasada, por mais absurdo que possa parecer, às vezes é preciso que uma andorinha faça verão."
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