Nostalgia Gratuita

Não sei, esses dias tenho tido essa saudade doída de tempos passados. Não é uma negação do presente ou do futuro, é uma espécie de reconhecimento como se revisse os dias e noites passados, os amores, os amigos que se perderam nas bifurcações da estrada e aqueles seres que se encontram novamente ao meu lado para podermos sentar e lembrar, juntos, rindo da vida como ela era, rindo da vida como ela é, planejando, por fim, novos futuros, diferentes dos planejados anteriormente. Tanto que pode ser dito, desdito, redito e essa coisa no peito. Que na mesma medida que preenche, esvazia o peito. Porque nostalgia e saudade não tem razão de ser racionalmente, se aproximam muito do amor nesse sentido. Alegrias, tristezas, raivas parecem, a princípio mais localizáveis por dentro. Mas saudade... Conheço a causa: a ausência física. Tenho saudade daquilo que não posso ver nem tocar agora, a não ser com a memória, sempre duvidosa. É isso. Mas daí, olho o mundo ao lado, continua, em termos, o mesmo! Podemos criar novos espaços, mesmo que seja difícil e uma batalha constante. Podemos esperar, planejar, construir, transformar... mas nada disso, aplaca essa coisa no peito, que chamamos saudade. Um jeito luso de dizer o que sentimos. I miss you, não é necessariamente um vocábulo, mas exprime algo, acho até bonito, mas saudade (Ah!), essa parece que vai fundo e revolta por dentro e saí assim na forma de longos suspiros. O mais estranho, que sinto em relação a memória que causa saudade, é que quando lembramos, é como se todo o tempo que vivemos coubesse dentro do peito. Mas, o tempo em que vivemos o passado lá ficou quieto e nunca poderemos estar de novo. O que vai e volta é a memória e nada mais. Não sei parece óbvio, mas é algo assustador, para mim, pensar que o tempo que vivi (que já é muito mais do que consigo conceber racionalmente), cabe dentro do agora, através de uma imagem saudosa ou de um cheiro guardado nas roupas, nos lençóis e por incrível que pareça na memória. Já esteve com tanta saudade de alguém que sentiu o cheiro da pessoa ou de uma situação no ar como uma materialização do que sentimos? Alguns dirão sobre o espaço, o infinito, a metafisica, a religião, os vários caminhos cerebrais possíveis, mas isso não explica compreende? Não explica da maneira como estamos condicionados a receber explicações... entende? Acho que estou sendo confusa e óbvia. A obviedade sempre me causou espanto, mas pode ser que se perca a poesia e o porque de escrever quando se escreve sobre o óbvio.
Enfim, estou com essa sensação de nostalgia, saudade gratuita, ao mesmo tempo não desejo voltar no tempo, fazer firula, gosto do tempo que vivo, gosto do meu agora pessoas, não idolátro o passado, só me deixa extremamente curiosa a forma como pensamos memórias e o reconstruímos, concomitantemente com fato de que o transformamos em agora, o agora saudade!
Racionalmente poderia deixar para lá, não me preocupar, mas o absurdo dessa coisa toda me bate na cara e quando olho uma foto de quando eu tinha, sei lá 4 meses de idade, sorrindo com os mesmo olhos. Me pergunto onde foi que estou diferente, se o sorriso e os olhos são os mesmo... chego a conclusão que o tempo que passou, vive por dentro, mas como se estamos condicionados a separar, classificar... como? 

Nenhum comentário:

Postar um comentário