Aos loucos

Saibam, todos vocês que de louco nada tem
O álcool, os alucinógenos, os relaxantes, os acelerantes.
Nada tem em si de loucos.

A filosofia, as artes, as canções nada tem em
Si de loucos.

De que adianta, queridos, anjos decaídos
Se a música é boa, mas o ouvido ruim,
Se o álcool é de qualidade, mas o estômago ruim,
Se as artes são as melhores, se os olhos procuram por algo específico,
Como um cavalo com freio.

De que adianta se dizer louco, liberto,
Se a moral mora, na casa de dentro,
Se a liberdade do outro é castrada todo dia,
Mesmo sem querer, sem querer é desculpa de criança ranheta,
Mal criada diriam os antigos.

Quero um novo termo, para dizer o que penso,
Uma nova palavra, poderia ser,
Libertouco, ou
Loucatário, ou
Não sei.

Só sei que, é preciso reinventar o louco.
Um pouco, assim, mais despretensioso.
Que saiba ter em si, uma loucura que não aprisiona,
Que nos torna melhores,
Que traz consigo as melhores coisas, as melhores
Possiveis consequências.

Nada de dizer que ama e deprimir o outro,
Nada de fazer, dizer que pode e reprimir o outro,
Nada de estar aqui, e ali e dizer a si mesmo que
Estamos fadados ao fracasso dessa maneira.
Nada de loucuras que não sejam libertação.

(Desabafo não muito poético, eu diria, sobre a mediocridade que nos assola, em que tudo se torna fim para o próprio prazer, seja ele qual for.)

Nenhum comentário:

Postar um comentário