Você


O tempo corrói.
Como sei disso?
Um dia ele chegou em minha morada,
E foi entrando, sentou-se
No sofá como quem quer tudo
E acomodado ficou...
Corroeu minhas memórias e
A vividez dos sentimentos,
Os meus amores, canções
E poemas.
Corroeu minhas mágoas
E meus medos,
Minhas dores de inverno
E a angústia de verão.
Levou o vento fresco de outono
E as horas douradas de sol.


E ali perseguiu
Meu passado ardido
Na esperança de chegar
Ao futuro.
Queria almoçar minhas
Ressacas morais e os temores
Abissais de vê-las partir.
Corroeu minha infância
E me fez aperdeber-me dele
E de tudo quanto se desfaz.

O tempo lavou minhas
Mãos dos sucos sexuais
E minha pele dos cheiros
Amados e queridos.
Além de tudo recebe
Amigos e tem sagrados segredos.
E isso não é tudo,
Isso talvez mude,
E nunca é nada.

Um dia sem motivos
Ficou louco e saiu
Pela porta da frente nu e
Foi quando nesse instante
Insano que me trouxe:
Você.
Mira A. Diniz
18/08/09

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