Resultados parciais

Minha angustia tem o tamanho e a extensão
Da seca amarga  que cheira a queimada todas as noites.
De todas as gargantas roucas e de todos os narizes
En(s)tu(ú)pidos.

Nessa cidade que se encendia constantemente.
Minha angustia tem o tamanho do calor que sentem meus gatos pretos.
O número de pelos existente no corpo do meu amado.
E é exatamente, como é o corpo humano, 70% água e 30% sede.

Minha angustia tem a crueldade de ser constante,
Intermitente e de andar de mãos dadas com a melancolia,
Em meu peito:
Metade tristeza, metade esperança.
E por isso absurdo completo.

E dessa casa corpo, trancafiada no mundo.
Iluminada amarelamente, com as luzes sempre elétricas.
De tantas, tantos se cansaram.
De tantos tantas coisas são ditas:
Sem inspiração.
Minha angustia é um eterno pôr-se em pé.
E a vida a dura batalha de viver de utopias incansáveis.


Tonturas

Teima que não, mas cambaleia.
De lá para cá, de cá para lá.
Boceja, faz cara de preocupação.
Inquietante esse cálido perecer.

Longínquas, gigantes miragens.
Pastagens.
Cambaleia, daqui para li. De li paraqui.

Canção.
Canta, canta.
Leva voz, a mão rabiscando.

Traz a meia lua.
Meio luar, para es(a)quecer.

Santas memórias.

Deixa minha mão,
Vai-te aos infernos.
Deixa-me com minha solidão,
E de noite, em memória
Do teu falo ereto,
Agradecerei.
Que as lágrimas caiam silenciosas.
Inocentes, ingenuas de tanto sal.
Desce as escadas do tempo,
Anjo decaído.

Deixa-me. Calada e surda de tantas palavras,
Tantas.
Floresta sem país,
Densa, dolorida.
Antiga, como as próprias memórias:
(Se)mentes.
Intruso.
Vai-te.

12\02\2011