Olho



Fica sentada no
Olho do furacão menina.
Lá tudo pode.
Lá tudo é poesia.
Lá o tempo cala
Lá as noites são infindas.
Do lado de cá,
Tens casa, pai e mãe
Lá, tua morada
Estada.
Estrada.

Fica menina, sentada do olho do
Furacão.
Lá um dia,
No teu dia.
Tudo há de ser claro
Como o caos que te rodeia,
Terás naquele lugar teu lugar
De querer.
Mira A. Diniz
24/05/2010

Fileiras

Enfileirados, todos iguais
E tão diversos em movimentos internos.
Discretos e com as mãos
Em faces e joelhos.
Deitados, caíram na linha
De batalha
Por onde se consegue os
Corações alheios cheios de tanto
Que é, senão, dores ou amores
Identificados
E tão diferentes.
Calem-se.
Crianças dormem.
Mulheres choram.
Homens sofrem.
Já partiram.
Mesmo que nem saibam,
Sequer se vieram, um dia
Para este lado de cá.
Mira A. Diniz