A espreita

Pesadelos na tarde ensolarada vem e vão.
Os passos cegos seguindo. A bengala tec, tec, tec, etecetera.
Os ouvidos são sons, passos, pessoas, carros, cachorros...

Uma matilha vem em minha direção
São seis ou sete.
Comandados por um preto, barriga amarela,
Macho, latindo...
Encara-me latindo,
Eu continuo meu passo leve mente apressado.
Ele vem até os outros os cerca e latindo os faz descer
Um pouco na calçada protegendo-os de mim.
Seus dentes nunca quiseram me pegar.

E do seu comando asfaltico e retumbante surgem mais
Dois, grandes, maiores que ele,
Indo ao seu encontro para serem liderados.

De olhos fechados, escondidos pelo óculos escuros
Completamente desprovidos da visão,
Os pés prosseguem.
Atordoados.

Tristes aqueles que sofrem

As sobras de comida no tapete
São de jantares passados:
Não realizados.

Foi-se o tempo das coisas boas
Dizia minha avó olhando aflita o mundo dela mudar:
Não chover em setembro,
Fazer frio em janeiro,
Chover demais em julho,
Sexo sem casamento
E por incrível que pareça dar beijo na boca.